Frigoríficos: Empresa quer retomar abates de bois em 15 dias e está 'solvente', diz Felsberg.
Com dívidas estimadas entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões, o frigorífico Frialto pediu recuperação judicial, na segunda-feira, na Comarca de Sinop (MT), onde está localizada sua sede. Conforme comunicado no site da empresa, o Grupo Frialto, composto pelas sociedades Vale Grande Indústria e Comércio de Alimentos, Agropecuária Ponto Alto Ltda. e Urupá Indústria e Comércio de Alimentos Ltda, pediu recuperação judicial "para assegurar a continuidade operacional das unidades frigoríficas em atividade".
Além disso, diz, o grupo busca preservar o valor de seus ativos enquanto negocia com credores "de modo que a reestruturação financeira possa acontecer de maneira organizada (...) equacionando de forma equilibrada o atendimento de seus credores e a capacidade de pagamento da empresa".
A companhia, que será assessorada pela Felsberg e Associados, tem 60 dias para apresentar o plano de recuperação à Justiça. O advogado Thomas Felsberg disse que o Frialto é uma "empresa solvente com chance de se recuperar".
Segundo ele, o frigorífico, que suspendeu os abates de bovinos em cinco unidades semana passada, pretende retomar as operações em 15 dias. Questionado como o Frialto pagará pelo boi para abate, Felsberg disse que os pecuaristas têm interesse em que a empresa se recupere, mas não deu detalhes.
O prazo para aprovação do plano pela Justiça é de 180 dias, período em que a empresa fica protegida contra ações e execuções.
Com receita na casa dos R$ 1,2 bilhão por ano, o Frialto conseguiu reestruturar parte de suas dívidas com credores financeiros - de R$ 360 milhões - em 2009. Contudo, continuou a enfrentar dificuldades para obter novas linhas de crédito. Passou então a buscar uma saída, que contemplaria venda da empresa ou arrendamento com opção de compra. O Frialto tem cinco unidades: Sinop, Nova Canaã, Matupá, todas em Mato Grosso, Iguatemi (MS) e Ji-Paraná (RO), com capacidade de abate de 4.040 bois por dia, e construía duas novas plantas, uma em Tabaporã (MT) e outra em Itaberaí (GO).
Segundo fontes do setor de carne e financeiro, o Frialto negociava o arrendamento com a Marfrig, mas divergências com o maior credor do Frialto, que também tinha o mandato de venda da empresa, emperraram o negócio. Felsberg disse não ter conhecimento das conversações e a Marfrig voltou a negar a negociação.
O advogado disse, porém, que "é possível continuar negociando a venda" do Frialto apesar do pedido de recuperação judicial. "A venda pode fazer parte do plano".
Fontes do setor, incluindo pecuaristas, acreditam que a situação do Frialto é melhor do que a de outros frigoríficos que pediram recuperação judicial porque a empresa tem "bons ativos e um posicionamento melhor" no mercado.
De acordo com Thomas Felsberg, o Frialto tem 2.500 funcionários e "houve poucas demissões".
Autor: Alda do Amaral Rocha
Fonte: Valor Econômico (26/05/2010)