Atrasos no pagamento de salários levaram trabalhadores da fabricante de porcelanas Schmidt a nova manifestação, com queima de pneus, ontem, na frente da fábrica de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba. Foi o quarto protesto do ano na unidade, responsável por 70% da produção de louças da empresa. Ela está em recuperação judicial desde 2008 e, no dia 26, deu início a um período de licença remunerada, mas não depositou os salários de julho.
Os problemas da Schmidt, que como outros fabricantes de porcelana reclama da concorrência com chineses, não são novos, mas se agravaram em 2010 com o primeiro desembolso previsto no processo de recuperação. Os trabalhadores fizeram paralisações em janeiro, março e julho. "Estamos esperando respostas", diz Divonzir Batista, um dos cerca de 500 empregados da fábrica paranaense. Segundo ele, a empresa não estaria depositando o FGTS. A Schmidt, criada há 65 anos, tem unidades em Pomerode (SC) e em Mauá (SP). Procurada pelo Valor, não comentou o assunto.
O presidente do sindicato dos trabalhadores, Paulo Andrade, contou que o pagamento de julho estava prometido para sexta-feira. Já o salário de junho foi depositado no dia 19 de julho. Ontem, em assembleia, os empregados decidiram promover manifestações. Ele acrescentou que chegaram a circular rumores de que há interessados na compra da empresa, mas a negociação teria esbarrado na exigência da família Schmidt de permanecer com o controle. Mesmo sem produzir, a empresa precisa manter o forno ligado.
Autor: Marli Lima
Fonte: Valor Econômico (17/08/2010)