Enquanto não tem sua situação societária definida, a Invepar estuda captar recursos via dívida para dar continuidade a seus investimentos em projetos de infraestrutura, como o aeroporto de Guarulhos e a Linha Amarela, no Rio, além de rolar empréstimos em vencimento.
Esses recursos, segundo o Valor apurou, podem ser levantados com terceiros ou até com seus próprios acionistas, os fundos de pensão Petros (funcionários da Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa Econômica Federal), que juntos têm o controle da empresa.
De acordo com uma fonte próxima à companhia, a Invepar precisa de até R$ 1 bilhão no curto prazo. Isso não significa, porém, que a empresa venha a levantar 100% desse dinheiro agora com empréstimos.
Uma das alternativas em estudo pela Invepar é a emissão de debêntures com prazo de vencimento que pode ir de três a cinco anos.
A Invepar buscará esses recursos com bancos e investidores, mas os fundos de pensão já sinalizaram que podem entrar na operação, financiando a holding de infraestrutura da qual são sócios. Isso acontecerá se não houver demanda para dívida ou se o custo for proibitivo.
Juntos, os fundos de pensão Petros, Caixa e Funcef detém 75,6% da Invepar. O restante pertence à empreiteira OAS, que está em processo de transferência de suas ações para os credores, depois de entrar em recuperação judicial em meio às investigações da operação Lava-Jato.
Essa fatia da OAS é negociada com novos investidores, sendo que a transação em estágio mais avançado se dá hoje com o fundo soberano de Abu Dhabi. O Mubadala Development Company fez uma oferta para ficar com 51% do capital da Invepar.
Em junho, a Invepar afirmou em um esclarecimento a investidores que estudava a contratação de um empréstimo de R$ 400 milhões com diversos agentes do mercado, entre eles o próprio fundo Mubadala.
Quando houver a entrada de um novo acionista e controlador na Invepar, poderá acontecer também uma injeção de capital novo na companhia, o que abriria espaço para quitar parte do seu endividamento, inclusive com os próprios fundos de pensão. Por isso, esse empréstimo funcionaria como uma espécie de ponte para uma nova estrutura de capital na Invepar.
Além da contratação de empréstimos, a Invepar estuda a venda de ativos com o objetivo de tornar sua situação financeira mais confortável.
Se a entrada dos fundos de pensão no financiamento da Invepar se concretizar, essa não será a primeira vez que eles concedem empréstimos à companhia. Em novembro de 2015, as fundações colocaram cerca de R$ 1 bilhão na holding de infraestrutura via compra de debêntures. Outro R$ 1 bilhão foi financiado pela Brookfield e por bancos credores da empresa. Esses papéis, que já foram quitados, pagavam uma taxa considerada elevada. O vencimento se daria em um prazo de nove anos.
No primeiro trimestre deste ano, a companhia teve um prejuízo de R$ 138,6 milhões. No fim de março, a Invepar tinha uma dívida líquida de R$ 7,6 bilhões, valor equivalente a quatro vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (ebitda), abaixo dos 6,5 vezes atingidos em 2016. Apesar de retração, o endividamento da Invepar ainda preocupa a companhia.
09/08/2017