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Fundador da Agrenco propõe a credor alternativa para retomar operações

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Governança: Empresa, em recuperação judicial, já tem um acordo com a Glencore.

A Agrenco Holding quer que os credores de sua controlada Agrenco Limited examinem uma proposta alternativa para o início das operações da fábrica de Caarapó, no Mato Grosso do Sul.

No momento, os credores estão em negociação com a parceira operacional Glencore. Pela proposta, a Glencore vai assumir a unidade de Caarapó e repassará 50% do resultado que obtiver para os credores da Agrenco ou o valor mínimo de US$ 3 milhões anuais.

A entrada em operação de Caarapó, que responde por um terço da capacidade da Agrenco, vai liberar também os recursos necessários para o funcionamento de Alto Araguaia, em Mato Grosso, principal indústria da companhia.

O acordo inicial entre Agrenco e Glencore previa a liberação de US$ 50 milhões para o funcionamento das unidades depois que a Agrenco colocasse US$ 30 milhões. No entanto, por conta de atrasos no processo de recuperação, a companhia não conseguiu aportar esses recursos. Para liberar os US$ 50 milhões, a Glencore propõe, agora, assumir Caarapó.

A advogada Lucia Figueiredo, que representa no Brasil a Agrenco Holding, com sede na Holanda, diz que a proposta que está sendo discutida com a Glencore vai significar a perda de US$ 195 milhões em termos de resultado operacional (lajida) em 5 anos, além da depreciação dos ativos, o que não ocorreria se a fábrica fosse colocada em funcionamento em nome da Agrenco. Segundo ela, a holding solicitou aos credores um sinal verde e tempo para que consiga o financiamento necessário, com algumas instituições que estariam interessadas na operação, como uma solução alternativa ao leasing estudado com a Glencore. Nas contas da holding, para entrar em funcionamento, Caarapó demandará cerca de R$ 7 milhões.

Procurado, Nelson Bastos, sócio da Íntegra Consultoria, contratada pelos credores para acompanhar o andamento do plano de recuperação, não comentou o assunto.

Pessoas próximas à empresa disseram que um eventual novo empréstimo que vier a ser feito, em tese, não tem como ser "garantido", uma vez que todos os ativos da Agrenco no Brasil estão em recuperação judicial, nas mão dos credores, e não podem ser dados como garantias.

Ainda que os credores considerassem a proposta da holding, não se sabe até o momento qual instituição faria o empréstimo, a que taxas e prazos. Para que eles aceitassem deixar de lado o negócio com a parceira Glencore, seria preciso uma oferta firme.

A Agrenco Holding tem como principais acionistas três executivos da Agrenco que foram presos em junho de 2008 na Operação Influenza, da Polícia Federal, sob suspeitas de crimes que iam de sonegação fiscal a fraude de balanço. São eles o fundador da Agrenco , Antonio Iafelice, que possui 32,58% das ações da holding; Antônio Augusto Pires Júnior, com 6,96%; e Francisco Ramos, detentor de 21,39%.

As denúncias contra eles não foram comprovadas. O caso transformou-se em uma discussão sobre legalidade ou não de provas colhidas pela PF e está ainda sem conclusão.

A holding identifica um conflito de interesses na condução do processo de recuperação da Agrenco e que envolve diretamente a Íntegra Consultoria.

De acordo com a advogada, a Íntegra receberia comissões para a venda dos ativos da Agrenco no Brasil e estaria trabalhando para o desmanche da companhia, ao invés de se concentrar na recuperação da empresa.

A justificativa para a a reclamação seria o fato de, um ano após a assinatura do plano de recuperação judicial, nenhuma das unidades da Agrenco ter voltado a operar.

O conflito seria evidenciado, avalia a holding, pelo fato Bastos, da Íntegra, "ter feito o plano de recuperação, estar executando o plano e também ter um assento no atual conselho de administração da companhia".

Em entrevista recente ao Valor, Bastos rebateu as afirmações, alegando que a Íntegra foi inicialmente contratada pela Agrenco, depois elaborou o plano de recuperação e, em seguida foi contratada pelos credores, e não pela empresa, para acompanhar o andamento do plano de recuperação e mantê-los informados. Também afirmou que não recebe pagamento da Agrenco. Quanto ao assento que ocupa no conselho, ele esclarece que ocupou a vaga atendendo a um convite do conselho anterior, e que, uma vez definido o plano, os credores aprovaram a sua manutenção no posto.

Como acredita na existência do conflito, a holding solicitou, em 15 de julho passado, a convocação de uma assembleia geral de acionistas para destituir o conselho, do qual Bastos faz parte. Segundo apurou o Valor, os conselheiros reunidos não entraram em acordo sobre a data da convocação da assembleia, que ainda não foi marcada.

Autor: Ana Paula Ragazzi

Fonte: Valor Econômico (28/07/2010)

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