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Fundo quer reunir debenturistas da Rodovias do Tietê

Tietê

Para viabilizar distribuição da carteira, Journey Capital conta com as parcerias da gestora Vitreo da casa de análise Empiricus

Depois que os controladores da Rodovias do Tietê voltaram atrás em tratativas para injetar novos recursos na empresa, a Journey Capital resolveu lançar no mercado um fundo para tentar dar voz aos debenturistas pessoa física da concessionária no âmbito do processo de recuperação judicial. 
Em novembro passado, a Journey recebeu autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para estruturar esse fundo. Para viabilizar a distribuição e divulgação do produto, fechou parcerias com a gestora Vitreo e a casa de análise Empiricus. 
A ideia é aglutinar as debêntures no fundo para que, juntando as participações de vários investidores, ele possa alcançar um percentual relevante da emissão das debêntures que lhe dê condições de interferir na negociação. A estimativa é que cerca de dois terços das debêntures da Rodovias do Tietê estejam nas mãos de 18 mil pessoas físicas. A dívida com os debenturitas é de R$ 1,4 bilhão. 
Na prática, o fundo vai comprar as debêntures dos investidores, que passarão a ser cotistas do fundo. Ele poderá receber aportes de novos investidores e também comprar debêntures no mercado. Não haverá cobrança de taxa de administração. Só haverá lucro para a Journey ou para a Vitreo via taxa de performance, ou seja, dependendo do valor recuperado pelos debenturistas. 
As empresas envolvidas na estruturação do fundo acreditam que as debêntures podem valer entre 50% e 60% do valor de face. No mercado, antes do recuo dos controladores em aportar recursos na concessão, saíram negócios a 28% do valor de face. 
A AB Concessões, que divide o controle da Rodovias com a Lineas International, havia sinalizado, em negociações ano passado, que injetaria R$ 360 milhões e ficaria sozinha no controle. Mas na semana passada informou os debenturistas que não colocará mais dinheiro no negócio e está disposto a vendê-lo por R$ 1. Por conta disso, a expectativa agora é que se feche a venda da empresa para um novo investidor. Nos últimos meses, apareceram muitos investidores interessados em ficar com a concessionária, uma vez que, equacionando a questão da dívida com as debêntures, ela tem boas perspectivas. 
Inicialmente, os debenturistas esperavam que o pedido de recuperação judicial serviria apenas para aprovar um acordo já costurado, mas não aprovado pelas dificuldades de quórum das debêntures. 
A Rodovias do Tietê precisa obter anuência prévia da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (ARTESP) em qualquer hipótese de transferência de controle. 

 

14/02/2020

Autor(a)
Por Ana Paula Ragazzi — De São Paulo

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