A gestora de fundos de private equity H.I.G. Capital montou uma estrutura para investir no segmento imobiliário no Brasil. O foco serão investimentos de porte médio, na mesma linha de seu mandato para fazer aportes em pequenas e médias empresas.
A plataforma da H.I.G. dedicada ao mercado imobiliário investe nos Estados Unidos e Europa desde 2007. Em média, os investimentos variam entre US$ 5 milhões e US$ 50 milhões. No Brasil, os aportes devem ficar na mesma faixa das operações no exterior, de R$ 15 milhões a R$ 150 milhões, disse ao Valor, o presidente da H.I.G. Brasil e América Latina, Fernando Marques Oliveira.
"Assim como no private equity gente também acha que tem um espaço muito bom em projetos de construção de 'middle market'. Não são projetos gigantescos mas também não são projetos de pessoas físicas", afirmou o executivo. Segundo Oliveira, a H.I.G. tem "liberdade para olhar de tudo" e vai se focar em empreendimentos de diferentes perfis - de residenciais a galpões -, em todo o Brasil, principalmente no Rio e em São Paulo, onde se concentram os projetos considerados de maior qualidade.
A forma como a gestora vai rentabilizar sua futura carteira de imóveis vai depender de cada caso. Entre as oportunidades citadas pelo executivo estão a compra de imóveis em fase de desenvolvimento, empreendimentos visando gerar renda para a gestora, ou adquiri um imóvel e vendê-lo mais a frente após um período de valorização.
Para liderar a área, a gestora contratou o executivo Daniel Nader, que foi diretor da área imobiliária da GP Investiments. Lá, ele foi responsável pelos investimentos em imóveis comerciais.
O início das operações imobiliárias pela gestora no país ocorre no momento em que o setor passa por uma de suas maiores crises, que levou inclusive ao pedido de recuperação judicial de duas grandes incorporadoras: PDG Realty e Viver.
Em 2016, as vendas de imóveis caíram 8% na comparação com 2015, segundo o índice Abrainc-Fipe. Já os lançamentos aumentaram 9%, segundo indicador desenvolvido pela Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O levantamento inclui dados de 20 empresas associadas à Abrainc e abrange projetos em todo o país.
"Eu acho que o mercado imobiliário está num momento muito interessante. Nossa aposta é que o mercado vai se recuperar, mas ainda pode demorar bastante", afirmou o executivo. Segundo ele, o foco da gestora é de longo prazo. "A gente tem capital para investir, a questão é achar bons projetos", completou. A H.I.G. não montou um fundo específico para investimentos imobiliários, mas de acordo com o executivo, serão utilizados os recursos já existentes, de cerca de R$ 3 bilhões alocados no Brasil.
No private equity, a H.I.G. anunciou em janeiro sua estreia no agronegócio, com a compra da Bigsal, empresa de suplementação animal. Foi a primeira aquisição de 2017, depois de ter fechado quatro negócios no Brasil no ano passado. Entre os negócios investidos da companhia estão a varejista Mr. Cat, a rede de escolas de idioma Cellep e a farmacêutica Hallex Istar. A intenção é que os dois negócios - de private equity e imobiliário - se mantenham separados.
20-03-2017