A General Motors Corp. está acelerando a reestruturação da subsidiária europeia Opel, há anos uma fonte interminável de prejuízos para a montadora americana e a última peça que falta de seu renascimento.
O presidente da GM, Dan Akerson, impaciente com os eternos prejuízos da filial, resolveu se voltar ao problema da Opel depois de a empresa ter reaberto o capital e voltar a gerar lucros sólidos na América do Norte, disseram pessoas a par da situação.
A montadora está buscando ativamente alianças com outras montadoras na região para reduzir os custos de produção e desenvolvimento da Opel. Ela contratou firmas de reestruturação como a AlixPartners para recomendar maneiras de aumentar a margem e baixar os custos. A filial, que deve faturar US$ 24 bilhões este ano, vai lançar cinco novos modelos e estuda aumentar os preços para elevar a receita.
Há anos que a Opel continua dando prejuízo apesar das promessas de reestruturação e de novos produtos. O prejuízo acumulado da empresa desde 1999 já chega a US$ 13 bilhões e, apesar de várias tentativas, as iniciativas nunca resultaram numa recuperação duradoura. Qualquer renascimento que ocorrer na empresa este ano terá de superar o declínio das vendas na região, que analistas preveem que vai piorar ainda mais este ano.
Mas a GM não pode abandonar a Opel, fornecedora crucial de tecnologia e design para outras operações regionais da montadora, como a brasileira. Alguns dos carros mais bem-sucedidos da GM no mercado americano têm raízes na Opel, como o elogiado Buick Regal. A GM não quer perder essa vantagem, um importante motivo para a decisão de 2009 de recuar das negociações para vender a Opel à fabricante canadense de autopeças Magna International Inc.
Nick Reilly, presidente da GM na Europa, disse ao Wall Street Journal que espera que a Opel volte a dar lucro este ano, sem contar os custos de reestruturação. Antes a empresa esperava não ter prejuízo este ano e voltar ao azul no próximo. Há pressão "para mostrar que podemos recuperar nossas operações na Europa", disse Reilly, acrescentando: "Esta é uma das reestruturações industriais mais difíceis já tentadas".
Seus esforços para reavivar a empresa têm sido prejudicados pelos altos custos dela, especialmente se comparados ao de rivais como a Volkswagen AG, e problemas de imagem causados pela abortada tentativa de vendê-la em 2009. Diferentemente da operação nos Estados Unidos, em que a GM conseguiu eliminar dívidas e fechar fábricas deficitárias graças à recuperação judicial, a Opel nunca passou pela versão europeia da concordata americana.
"A Opel está pior do que você pensa. Mas a GM vale mais com ela do que sem", disse o analista do Morgan Stanley Adam Jonas. "Ela é uma das piores montadoras da Europa, que já é o pior mercado automotivo do mundo."
A divisão europeia da GM teve prejuízo de US$ 1,8 bilhão em 2010, a única região da empresa no vermelho no período em que ela divulgou seu maior lucro em dez anos.
Jonas, do Morgan Stanley, calcula que a Opel continuará drenando os recursos da matriz mesmo quando tiver lucro, devido as suas demandas substanciais de caixa e ao alto custo operacional. Mesmo que a Opel lucrasse US$ 1 bilhão por ano, ela continuaria consumindo recursos, acredita Jonas.
A raiz dos problemas da Opel, diz Jonas, é que seus custos são maiores e seus veículos vendidos mais baratos que os de concorrentes como a Volks.
Akerson e o novo diretor mundial de marketing da GM, Joel Ewanick, viajam à Europa esta semana para analisar de perto os esforços de reestruturação. Ewanick, um prodígio do marketing apontado como responsável por impulsionar as vendas da Hyundai Motor Co. nos EUA, vai ajudar a tratar do problema de imagem da Opel.
O plano da GM para reestruturar a Opel, lançado em 2009, determinava a eliminação de 8.300 vagas de trabalho na Europa e o fechamento de uma fábrica em Antuérpia, na Bélgica, bem como expansão do investimento em novos veículos. Hoje em dia a Opel está correndo para acelerar a execução do plano, cujo cronograma é de três anos, disse Reilly. A empresa esperava poder fechar uma fábrica ultrapassada em Bochum, na Alemanha, mas aceitou mantê-la aberta como parte de um acordo com os sindicatos para baixar os salários.
Reilly disse que a empresa não tem planos de aumentar as demissões ou fechar mais fábricas. Em vez disso, a Opel busca maneiras de aumentar as vendas e o faturamento lançando modelos mais rapidamente, aumentando os preços e incrementando os veículos para poder vendê-los mais caro. A Opel reformou recentemente o Astra e lançou o sedã Insignia, que já recebeu elogios.
Autor: Sharon Terlep
Fonte: http://online.wsj.com (27/02/2011)