SÃO PAULO - Em um cenário no qual a Avianca devolva as aeronaves arrendadas pelas empresas BOC Aviation e Infinity Transportation, analistas consideram que as concorrentes terão possibilidade de absorver um eventual recuo na oferta de assentos. A Gol e a Latam, que operam rotas semelhante às da companhia em recuperação, seriam as maiores beneficiadas.
“Será difícil operar com a mesma capacidade. Como a demanda pelos passageiros não deverá cair, é natural pensar que será absorvida pelas demais aéreas. No caso da Azul, esse benefício seria em menor proporção, considerando que apenas 10% das rotas das empresas se sobrepõe”, disse a analista da XP Investimentos, Bruna Pezzin.
A Avianca cresceu em ritmo mais forte que os pares em termos de oferta e demanda nos últimos anos, observou a analista da Eleven Financial Research, Gabriela Moro. “A empresa manteve os custos elevados em um período econômico adverso mesmo tendo metade do tamanho das concorrentes. A estratégia foi correta, mas executada no momento errado”.
Gabriela destacou que a companhia em recuperação judicial oferece nível de serviço aos passageiros superior aos dos concorrentes, mas sua tarifa média em 2017 era a segunda mais cara, em R$ 358,78, atrás da Azul, de R$ 412,23. O preço médio na Gol fica em R$ 347,34 e, na Latam, R$ 316,17, conforme dados da Anac.
Caso a empresa tenha que devolver “slots” (autorizações de pouso e decolagem), especialmente no aeroporto de Congonhas, as analistas afirmaram que a Azul é forte candidata a ocupar o espaço deixado pela concorrente. “A Avianca tem 7% dos slots, enquanto a Azul tem ao redor de 5%. Em uma redistribuição pelo órgão regulador, certamente, a Azul atenderia aos critérios de serviços”, disse a analista da Eleven.