Volta passa por operação complexa, que inclui fechamento de capital da antiga Gradiente e lançamento de ações da HAG, empresa arrendatária da marca Gradiente
IGB Eletrônica, a antiga Gradiente, anunciou ontem um novo prazo para o retorno da marca ao mercado brasileiro de eletroeletrônicos. A companhia pretende voltar às lojas entre abril e maio desde ano - o plano divulgado em abril do ano passado previa a retomada da marca no fim de 2011.
A empresa não divulgou quais produtos serão fabricados nem projeções de vendas. "O nosso plano de negócios é conservador. Não esperamos ter no curto prazo a mesma fatia de mercado que a Gradiente tinha antes", disse o empresário Eugênio Staub, que fundou a companhia em 1964. No último ano de operação, a Gradiente somava cerca de 15% do mercado de áudio e vídeo no Brasil.
A Gradiente suspendeu as operações em 2007, após enfrentar um grave crise financeira. Desde então, a companhia está em recuperação judicial e tenta voltar ao mercado.
Segundo Staub, o cronograma atrasou porque as negociações para viabilizar a nova Gradiente foram mais demoradas do que o previsto. "Chegamos a pensar em pegar o Natal de 2010", disse Staub, em teleconferência.
Fórmula financeira. A solução encontrada para colocar a Gradiente de volta às prateleiras passa por uma engenharia financeira complexa, que inclui novos investidores, um contrato milionário de arrendamento da marca e a troca de ações de uma empresa listada em bolsa desde 1974 por uma que abrirá o capital neste ano. Dessa forma, a empresa entende que poderá quitar suas dívidas - hoje, seu patrimônio líquido é negativo em cerca de R$ 500 milhões.
Parte desses recursos virá do arrendamento da marca e de outros ativos da Gradiente para a Companhia Brasileira de Tecnologia Digital (CBTD), um empresa controlada pela família Staub por meio de outra empresa, a HAG. O contrato é de R$ 389 milhões, que serão pagos diretamente aos credores em sete anos iniciados em julho de 2013.
A CBTD recebeu recentemente um aporte de R$ 68 milhões de quatro investidores - a Agência de Fomento do Estado do Amazonas, o grupo americano Jabil e os fundos de pensão Petros e Funcef - por meio de debêntures conversíveis em 60% das ações da empresa.
O novo passo para reestruturação é fechar o capital da IGB Eletrônica, a antiga Gradiente. Segundo Staub, a empresa possui cerca de 2.500 acionistas, donos de quase 50% do capital da IGB. A empresa oferecerá aos acionistas a possibilidade de trocar cada ação da IGB por dez ações da HAG, que pedirá o registro de companhia aberta no primeiro trimestre deste ano.
A previsão é que as duas operações - o IPO da HAG e a oferta pública de aquisição de ações (OPA, na sigla em inglês) da IGB sejam concluídas no primeiro semestre de 2012. Assim, os atuais acionistas Gradiente terão participação no resultado da CBTD, que arrendou a marca.
"Era melhor que não tivesse acontecido nada disso que aconteceu na Gradiente em 2007, mas, já que aconteceu, essa solução é muito boa para a manutenção da marca e para os acionistas", disse Staub.
Autor: Marina Gazzoni
Fonte: http://economia.estadao.com.br (02/01/2012)