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Grupo Abril entra com pedido de recuperação judicial

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No último dia possível para apresentação de proposta vinculante para compra do controle da Invepar, o fundo árabe Mubadala fez nova tentativa de adquirir a companhia. Num patamar de preço muito inferior ao sinalizado anteriormente. Até o fechamento desta reportagem, o Mubadala havia sido o único a entregar oferta pela holding de infraestrutura dos fundos de pensão do Banco do Brasil (Previ), Caixa Econômica Federal (Funcef) e Petrobras (Petros) e da empreiteira OAS.

Segundo uma pessoa ligada à operação, a nova proposta do Mubadala é inferior à metade do que o fundo de Abu Dhabi havia sinalizado no ano passado, quando entregou uma proposta não vinculante de aproximadamente R$ 5 bilhões, sem incluir dívidas. Lá atrás o negócio não foi fechado porque os acionistas decidiram abrir, neste ano, um processo competitivo para atrair mais interessados. No novo patamar, a proposta do Mubadala dificilmente deverá ser aceita pelos acionistas.

Havia uma expectativa entre os controladores de que, juntamente com a francesa Vinci, o Mubadala oferecesse algo como R$ 3 bilhões, o que não se concretizou. 

Uma das razões para a redução do valor foi a mudança de contexto de um ano para cá. A crise econômica afetou sobretudo os ativos da Invepar localizados no Rio e o endividamento da empresa avançou, a despeito da melhora operacional de concessões como o aeroporto de Guarulhos, que está salvando o balanço da empresa.

O desenho da proposta do Mubadala prevê a compra da participação da OAS e de credores de alto risco, liderados pelo fundo de investimento Aurelius. Além disso, haveria uma capitalização "de alguns bilhões de reais" para equacionar o endividamento da companhia, irrigar ativos que estão com problemas - como obrigações de investimentos muito altas - e tirar credores de alto risco, que hoje têm poder de veto no conselho. A proposta também prevê oferta para acionistas que queiram vender participação.

O Mubadala não informou em sua proposta a parceria com a Vinci. Mas, segundo uma pessoa próxima ao consórcio, o grupo francês de infraestrutura, tradicional operador de modais de transportes e que tem no portfólio concessões sobretudo na Europa, também participa.

Assessoram o Mubadala o escritório de advocacia Stocche Forbes e a butique de investimentos G5 Evercore. O banco BTG Pactual é o assessor da Invepar no processo de venda.

A CCR, principal empresa de infraestrutura do país e tida como grande interessada, estudou o negócio, mas desistiu de fazer oferta. À CCR só interessam ativos específicos da Invepar, e não participação na companhia. No passado, a CCR fez uma proposta não vinculante por alguns ativos isolados, entre os quais o aeroporto de Guarulhos e as fatias nas concessões em que é sócia da Invepar (como o VLT Carioca). Mas o negócio não foi para frente devido à decisão dos acionistas de venderem participação na holding.

A gestora brasileira IG4 Capital assessorou a CCR no processo e, se a operação saísse, poderia entrar com parte do capital.

Nova proposta do Mubadala é menos da metade de uma outra oferta, não vinculante, feita no ano passado

Segundo os resultados do segundo trimestre, divulgados na semana passada, a Invepar tem R$ 2,7 bilhões em dívida de curto prazo, com vencimento nos próximos 12 meses. A dívida líquida total é de R$ 8,2 bilhões, já levando em conta o R$ 1,5 bilhão em caixa e aplicações financeiras.

Operacionalmente, a companhia viu suas receitas avançarem 4,7% no segundo trimestre, para R$ 1,01 bilhão. Na última linha do balanço, o prejuízo atribuído aos controladores triplicou, para R$ 192,1 milhões.

O aeroporto de Guarulhos já representa mais da metade da receita da Invepar, e também é o ativo com mais crescimento de faturamento e tráfego, no caso, de passageiros. Apenas no segundo trimestre, a receita avançou 20%, para R$ 506 milhões. Já a concessão do Metrô Rio registra decréscimo de receita e de movimentação de passageiros, o que é atribuído à crise econômica e ao desemprego que atinge a capital fluminense.

A venda da participação da OAS na Invepar é condição essencial para destravar o processo de recuperação judicial da construtora, apresentado em março de 2015. A companhia havia colocado a fatia na Invepar como garantia para um grupo de credores.

A OAS sofre com a redução da carteira de obras e a dificuldade de acesso a crédito após ser incluída na Operação Lava-Jato.

Em um exercício livre, tendo como referência a avaliação de mercado da CCR - única concorrente da Invepar no Brasil que também atua em rodovias, mobilidade urbana e aeroportos e tem capital aberto -, é possível calcular um valor patrimonial aproximado da companhia. Essa avaliação leva em conta o múltiplo da relação entre o valor do negócio e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), uma das medidas usadas pelo mercado para negociação de ativos de infraestrutura.

A CCR encerrou o ano passado com relação valor de empresa sobre Ebitda (EV/Ebitda) de 9,47 vezes. Colocando em perspectiva esses mesmos indicadores, o valor de empresa da Invepar seria de R$ 18,9 bilhões com um valor de mercado de R$ 10,5 bilhões.

16/08/2018

 

Autor(a)
João Luiz Rosa e Talita Moreira

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