Após uma reunião com credores na sexta-feira, o grupo Bom Jesus, um dos maiores do setor de agronegócios de Mato Grosso, espera assinar nos próximos dias um novo "standstill", acordo fora do âmbito judicial que consiste na suspensão de ações de execuções de garantias por determinado período. O objetivo é evitar que a companhia, que tem dívidas de cerca de R$ 2 bilhões, entre em recuperação judicial, garantindo a organização de um plano para o pagamento dos credores.
Segundo Nelson Vigolo, presidente do grupo, os credores mostraram "comprometimento quase unânime" em torno do acordo. Contudo, a empresa não descarta a recuperação judicial, em "último caso".
Entre os credores figuram Rabobank, Santander, Itaú BBA, Credit Suisse, e outros bancos e fornecedores. "Temos um bom relacionamento com o mercado, então acho que podemos construir uma solução juntos", acrescentou. Com sede em Rondonópolis (MT), o grupo faturou R$ 2,3 bilhões no ano passado.
Em março deste ano, parte dos credores concordou com um standstill, mas o acordo não "caminhou da forma esperada", disse Vigolo. Assim, a empresa propôs um novo standstill, "que teria adesão maior", afirmou o executivo, sem mais detalhes.
O Bom Jesus cultiva soja, milho e algodão em uma área de cerca de 250 mil hectares, metade em fazendas próprias. A escalada do dólar em relação ao real nos últimos meses e a inadimplência de clientes na divisão de revenda de insumos ajudaram a elevar o endividamento do grupo - boa parte em dólar -, que desde 2015 busca solução para o passivo.
Autor(a)
Por Mariana Caetano