Pressionado por ações judiciais movidas por credores, o Grupo JPupin, um dos mais importantes produtores de algodão e grãos do país, entrou na sexta-feira com pedido de recuperação judicial na Comarca de Campo Verde (MT). A empresa declarou à Justiça dívidas de R$ 898 milhões, das quais cerca de 50% em dólar.
Conforme o advogado José Luis Finocchio Júnior, do escritório Finocchio&Ustra Sociedade de Advogados, que representa a empresa, essa não era a intenção inicial do grupo, que há três meses negociava um acordo de pagamento com os credores. Segundo ele, as condições eram diferentes, conforme cada débito, mas em linhas gerais, previam uma carência de 12 a 18 meses e um prazo de pagamento de dois a quatro anos.
Três bancos não aceitaram as condições - Itaú, Indusval e Votorantim - e ajuizaram execuções de garantias dadas pelo grupo, pressionando a empresa a recorrer à proteção judicial. Há menos de dois meses, outro produtor de algodão e uma das lideranças mais importantes do setor no país entrou com pedido de recuperação judicial. O Grupo Pinesso, controlado pelo empresário Gilson Pinesso, tem dívidas estimadas em R$ 571 milhões.
Conforme estimativas do advogado que defende o JPupin, o grupo tem ativos, incluindo terras e benfeitorias, avaliados em R$ 1,4 bilhão. Do valor total da dívida, 50% são em dólar e, nos cálculos do montante em real foi considerada a cotação da moeda estrangeira na data em que as operações foram contratadas - os empréstimos começaram a ser feitos há aproximadamente dois anos.
O Grupo JPupin tem fazendas que somam aproximadamente 100 mil hectares e abrigam lavouras de algodão, soja e milho, além de pecuária e reflorestamento. Em 2014/15, a empresa cultivou 80 mil hectares. Conforme fontes, a situação de hoje do grupo começou a se desenhar há quatro anos, quando o controlador adotou uma estratégia mais agressiva de compra de propriedades e passou a usar recursos captados no mercado financeiro para realizá-la.