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Grupo Pinesso apresenta plano de recuperação judicial

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O Grupo Pinesso, um dos mais importantes produtores de grãos e algodão do país, apresentou na segunda-feira a credores o plano de recuperação judicial com o qual pretende recuperar sua saúde financeira, abalada por dívidas superiores a R$ 570 milhões - boa parte em dólar. A proposta inclui a venda de fazendas e descontos de 30% sobre o valor devido a algumas classes de credores.

"Alguns credores gostaram do fato de vender ativos para pagar as contas. Mas o trabalho de negociação mais decisivo começa agora, com a publicação do plano", disse ao Valor José Luis Finocchio Júnior, sócio do escritório Finocchio&Ustra, que representa o grupo.

O plano prevê o pagamento integral de créditos trabalhistas e de credores que detenham valores até R$ 100 mil (ou inferiores a US$ 30 mil) - o primeiro em até 12 meses, e o segundo, em dois anos. Para os montantes acima de R$ 100 mil ou US$ 30 mil, a proposta é de um desconto de 30% e pagamento em 12 meses.

A quinta frente atende aos que têm garantia real e alienação fiduciária, que abrange a maior parte (60%) dos credores. E para quitar o que deve a esta categoria é que o Grupo Pinesso decidiu se desfazer de quatro imóveis, sendo um imóvel urbano e três fazendas.

Se aprovado o plano, parte desses credores terá de substituir as garantias que têm hoje por novas garantias, para que os quatro bens sejam alienados e permitam cumprir os pagamentos no prazo proposto. A ideia é criar uma nova empresa, que será proprietária dos quatro imóveis e emitirá debêntures para que essa classe de credores possa fazer a substituição dos créditos. "Essas debêntures terão como garantia real parte da fazenda Água Limpa, que fica em Mato Grosso e é um dos principais ativos do grupo", detalhou o advogado. Juntos, os quatro imóveis têm 15 mil hectares e valor de mercado de cerca de R$ 220 milhões. Assim, restariam pouco menos de 100 mil hectares no portfólio dos Pinesso.

Os credores que optarem pela conversão em debêntures terão de aceitar o dólar no teto de R$ 2,80. "O dólar atual está em R$ 4, mas o prazo [de pagamento] é de 12 anos e a tendência é que o dólar recue nos próximos anos", afirmou. Como a previsão é que os imóveis sejam vendidos em até cinco anos a partir da aprovação do plano, é provável que os pagamentos sejam antecipados, disse. A assembleia que deliberará sobre o plano deverá ocorrer entre dezembro e janeiro do ano que vem.

Com receita anual de R$ 550 milhões, o Grupo Pinesso tem entre seus controladores Gilson Pinesso. Os problemas do grupo começaram com perdas na safra 2012/13, que se somaram a dificuldades em lidar com as variações cambiais, ao aumento dos juros e à queda das commodities. A dívida, concentrada em aquisição de insumos e contratos de fornecimento de commodities, está pulverizada entre 1,8 mil credores, conforme Finocchio Júnior.

Segundo o edital da recuperação judicial, a maior parte da dívida, em torno de R$ 82 milhões, está nas mãos do Banco do Brasil. Procurado, o banco informou, por meio de sua assessoria, que não comenta o assunto. Além do BB, também estão na lista Bradesco (R$ 54 milhões), Rabobank (R$ 52 milhões), BTG Pactual (R$ 44 milhões) e Itaú (R$ 32 milhões). Contudo, uma fonte a par da situação dos bancos disse que "há valores incorretos no edital".

De acordo com Finocchio Júnior, o grupo mantém os trabalhos no campo e já iniciou o plantio da safra 2015/16. Houve restrições de crédito após o pedido de recuperação judicial, mas depois muitos agentes "voltaram a fomentar a safra".

Autor(a)
Mariana Caetano

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