A Destilaria Guaricanga, usina com sede em Presidente Alves (SP), conseguiu a aprovação dos principais credores ao seu plano de recuperação judicial.
A assembleia geral de credores, ocorrida na última sexta em Pirajuí, obteve um acordo global para renegociar R$ 61 milhões do passivo do grupo, controlado pela família do falecido deputado João Herrmann Neto. Desde agosto em recuperação judicial, a empresa estava com todas as ações de execução suspensas. A aprovação permitirá a venda de ativos da Guaricanga. Os sócios devem iniciar nesta semana as negociações com outras duas usinas, uma delas recém-saída da recuperação judicial, para a venda das instalações industriais e de parte das lavouras de cana.
“Vamos sentar para analisar as propostas pela empresa”, diz o advogado Euclides Ribeiro Júnior, da ERS Consultoria. “A Guaricanga precisa de R$ 70 milhões em investimentos para voltar a produzir. Mas ela vale mais de R$ 110 milhões hoje”. A aprovação dos credores prevê uma “cláusula de validade” até 15 de abril de 2012 para o caso de haver a venda da destilaria.
O acordo obteve a quase unanimidade dos credores. “Aprovamos com 99,8%. Foi algo inédito”, segundo o advogado. Apenas um produtor deixou de avalizar o texto. A venda de uma fazenda será destinada a saldar os débitos trabalhistas (15%), industriais (35%) e dos produtores de cana (50%).
Pelo acordo, os produtores de cana devem receber em parcelas mensais ao longo cinco anos com um ano de carência. As distribuidoras de combustíveis deram um desconto de 33% na dívida para receber em três anos com um de carência. E parte dos 800 trabalhadores, cujo salário for limitado a R$ 2,7 mil, terão as dívidas quitadas em 40 dias após a homologação do resultado da assembleia.
A Guaricanga terá, segundo o acordo, seis meses para voltar a processar cana. Além disso, até 15 de dezembro de 2011, terá que comprovar a moagem mínima de 600 mil toneladas de cana.
Autor: Mauro Zanatta
Fonte: Valor Econômico (24/12/2010)