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Gyotoku pede recuperação judicial

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Cerâmica: Naoyuki Miguel, fundador da companhia nos anos 60, voltou ao comando da empresa desde o dia 1º.

A Cerâmica Gyotoku entrou com pedido de recuperação judicial para enfrentar uma situação de alto endividamento que vinha se agravando nos últimos meses, principalmente após o estouro da crise financeira internacional em 2008. A decisão foi oficializada dia 30 de junho e resultou na saída de Adriano Lima, presidente da empresa . O cargo foi assumido por Naoyuki Miguel Gyotoku, fundador da companhia.

"Os sócios decidiram que a melhor saída seria a recuperação", disse Adalberto Calil, advogado e conselheiro da Gyotoku, que faz assessoria jurídica para a empresa há 20 anos. Miguel divide a sociedade com o irmão Koiti Gyotoku.

Com faturamento de R$ 265 milhões em 2009, a Gyotoku apresenta endividamento total de R$ 115 milhões, sendo R$ 72 de curto prazo, segundo fontes do mercado. A maior parte das dívidas é bancária, na faixa dos R$ 80 milhões.

Para o processo de recuperação, a companhia contratou Marcos Sardas, consultor responsável pelo novo modelo de negócios da empresa, e João Boyadjian, advogado especializado em recuperação judicial. Os credores, fornecedores e bancos já foram avisados sobre a situação da empresa. Agora, Sardas tem cerca de 60 dias para apresentar o plano de recuperação. Com experiência em outras empresas do setor - já foi superintendente da Portobello e da Incepa, além de ter experiências em outras recuperações judiciais - o executivo acredita que a empresa sairá dessa situação favorecida.

"A marca é forte, a empresa tem uma imagem de confiança. Além disso, as unidades industriais são competitivas e têm um diferencial logístico importante, pela proximidade do polo consumidor de São Paulo. A construção civil está em um bom momento, tem boas perspectivas", afirmou Sardas.

A Gyotoku tem duas unidades fabris, uma na cidade de Susano (SP), com capacidade produtiva de 1 milhão de m2 por mês, e uma em Estiva Gerbi (SP), com capacidade de 600 mil m2 por mês. Na primeira a empresa produz pisos, revestimentos e porcelanatos, enquanto em Estiva Gerbi a produção é focada apenas em revestimentos.

Hoje a empresa vende cerca de 90% de sua produção no mercado interno. "Mas essa proporção já foi diferente, com maior participação do mercado externo", afirmou Calil. Isso porque a valorização do real fez com que as exportações da companhia perdessem força.

A retração das exportações foi justamente um dos fatores que marcaram as dificuldades da empresa e aumentaram os desafios do segmento como um todo nos últimos anos. A perda da demanda do mercado externo fez com que as fabricantes se voltassem mais para o consumo interno, provocando a queda nos preços e a alta estocagem.

Com a crise, a concorrência já elevada entre as mais de 90 empresas atuantes no setor no país se agravou. As companhias que entraram no período da retração mundial alavancadas sofreram com os consequentes aumentos dos juros. "As desestocagem do setor começou apenas no segundo semestre de 2009", disse Antonio Carlos Kieling, presidente da Anfacer (entidade do setor).

A Gyotoku é um exemplo de empresa que entrou na crise endividada. A companhia realizou muitos investimentos no período anterior à crise, voltados principalmente para a produção de porcelanato - produto de alto valor agregado, de processo produtivo mais sofisticado, voltado para as classes de alta renda.

"O início do endividamento foi voltado para o crescimento. Depois, os juros penalizaram as contas da empresa", disse Calil, sem dar detalhes. A Gyotoku ainda vai definir se a empresa ficará nas mãos da família, ou se vai seguir o caminho da gestão profissional. (Colaborou Daniela D´Ambrósio).

Autor: Vanessa Dezem

Fonte: Valor Econômico (08/07/2010)

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