Em recuperação judicial desde fevereiro, a Fertilizantes Heringer propôs ontem um plano que prevê o pagamento de apenas 20% das dívidas com os principais credores - a classe dos quirografários, sem garantia real, tem R$ 1,7 bilhão a receber, mais de 80% da dívida total de R$ 2 bilhões da companhia.
A proposta da empresa, que precisa da aprovação da maioria dos credores, também prevê a venda sete unidades misturadoras de fertilizantes, com as quais a Heringer pretende angariar R$ 315 milhões.
As unidades à venda estão localizadas em Uberaba (MG), Rosário do Catete (SE), Três Corações (MG), Dourados (MS), Rio Verde (GO), Porto Alegre (RS) e Rio Grande (RS).
Caso atinga a meta de levantar R$ 315 milhões com a venda das unidades, a Heringer usará parte relevante (R$ 130 milhões) para pagar credores que tem algum tipo de garantia sobre as unidades (alienação fiduciária ou hipoteca). Se enquadram entre esses credores a mineradora Copebras (R$ 35,7 milhões), a produtora americana de fertilizantes Mosaic (R$ 14,1 milhões), o Banco do Brasil (R$ 43,7 milhões), e as empresas russas de fertilizantes Uralkali (R$ 18,7 milhões) e Eurochem (R$ 17,8 milhões). Com exceção do banco, fornecem matéria-prima à Heringer.
Se o plano de recuperação for aprovado nos moldes propostos, somente os credores trabalhistas receberão integralmente as dívidas, caso tenham menos de 150 salários mínimos a receber. A Heringer deve R$ 29,1 milhões para os trabalhadores. A intenção da empresa é pagar a maior parte desses débitos com a venda de imóveis urbanos e rurais, que podem render R$ 25,7 milhões.
Pelos termos do plano, a Heringer terá dois anos de carência para começar a pagar as dívidas com os credores quirografários, que receberão 20% (em torno de R$ 340 milhões) da dívida de R$ 1,7 bilhão, em um prazo de 15 anos. As parcelas serão semestrais. No caso dos credores com garantia real, que têm R$ 271 milhões a receber, a Heringer propôs pagar 60% desse valor.
11/04/2019