Ficou sem um resultado definido a assembléia de credores convocada para resolver o futuro do Hopi Hari nesta quinta-feira, 5, na sede do parque, na cidade de Vinhedo (SP). Após uma estratégia tida como pouco convencional por parte dos advogados da empresa, que de última hora retiraram do processo de recuperação judicial os principais credores, dentre eles o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a assembleia terminou com dois resultados: um, que contando com o voto do BNDES, reprovou o processo; outro, sem o BNDES, aprovando a recuperação.
No fim das contas, o administrador jurídico que acompanha o caso desde o início, em 2016, vai encaminhar os dois placares para a Justiça. Caberá ao titular da primeira Vara Cível de Falência de Vinhedo, o magistrado Marcelo Holanda, resolver a situação.
Na prática, ao excluir o BNDES da recuperação judicial, o parque abre as portas para que o banco de fomento execute uma dívida de R$ 230 milhões assim que o acordo for homologado. A aposta do advogado Sergio Emerenciano, do escritório Emerenciano Baggio & Associados, é que o banco repita aqui o histórico de atuações nesses casos. "Dificilmente o BNDES vai pedir falência de uma empresa com 400 funcionários", diz uma fonte próxima do banco.
"A estratégia não é nova, eu mesmo já fiz no passado, mas fora de São Paulo. Na prática, agora, vamos chamar todo os grandes credores e discutir caso a caso na Justiça. Os funcionários, os pequenos fornecedores, prestadores de serviços, esses estarão dentro o plano", afirma Emenenciano.
O BNDES detém hoje toda a área do parque como garantia, além da maioria das atrações. A estratégia dos advogados é dividir os credores, deixando o BNDES de fora. "Eles fazem para acertar com o resto e ganhar tempo com o BNDES, apostando no histórico que o banco tem de nunca pedir a falência de seus investimentos", diz um advogado presente na assembleia.
Esta é a quarta vez em quase dois anos que o parque de diversões Hopi Hari tenta aprovar seu plano de recuperação judicial. O parque, que chegou a ficar três meses fechado em 2017, retomou a operação de forma parcial de em agosto.
A dívida total do parque é estimada em mais de R$ 800 milhões, sendo que metade são de tributos não recolhidos, e a outra parte de dívidas contraídas com instituições financeiras, fornecedores e de passivo trabalhista.
O processo de recuperação judicial já se arrasta desde agosto de 2016 e, até hoje, as três assembléias de credores convocadas foram suspensas.
A dificuldade do parque para aprovar uma recuperação judical passa pela batalha entre os sócios, que faz com que neste momento o parque tenha, protocolados na Junta Comercial de São Paulo, dois presidentes: José Luiz Abdalla, também dono de 99% das ações, e Deuscimara Teixeira de Mendonça, com 1%. Deuscimara, uma ex-funcionaria do parque, representa o investidor português Nuno Vasconcellos, do grupo Oingoing, dono do portal IG.
Eles hoje disputam na Justiça o direito de presidir a empresa.
05/04/2018