As ações da Oi roubaram a cena no pregão de ontem da Bovespa e, apesar de não pertencerem mais ao índice Ibovespa, foram responsáveis de maneira indireta por uma forte oscilação no mercado financeiro. A empresa, dona da maior rede de infraestrutura de telecomunicações do país, tem uma dívida de R$ 65 bilhões e entrou com pedido de recuperação judicial. Do total da dívida, R$ 51 bilhões estão com instituições financeiras e investidores de dívida corporativa. As ações da companhia tiveram expressiva baixa, afetando também os papéis de alguns bancos credores.
Os papéis ON do Banco do Brasil , que tem R$ 4,3 bilhões para receber da empresa de telefonia, teve a maior queda do dia, de 4,46%. As ações do Itaú Unibanco fecharam com pequena queda de 0,03%, já as ações Unit do Santander subiram 0,33% e os papéis do Bradesco PN subiram 1,17% e Bradesco ON teve alta de 1,12%.
O Bradesco tem uma exposição considerada pequena em relação a Oi, de R$ 31 milhões, de acordo com dados do Credit Suisse.
Durante o dia, enquanto os investidores faziam contas para saber o impacto da reestruturação da dívida da Oi para os credores, o giro financeiro com ações dos bancos aumentou e chegou a 23% do volume total movimentado pelo Ibovespa. Os negócios com Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e Banco do Brasil somaram R$ 1,1 bilhão e o volume do Ibovespa foi de R$ 4,7 bilhões.
O giro financeiro com ações da Oi ON somou R$ 33 milhões e os papéis fecharam em baixa de 9,52%, cotados a R$ 1,14. Ainda há um prêmio para as ordinárias, que valem mais por seu direito e voto, mas também por expectativas de reorganização societária. O movimento com as ações PN da tele ficou em R$ 19 milhões e elas registraram baixa de 17,17%, a R$ 0,82. Durante o dia, a negociação com os papéis da empresa foi interrompida diversas vezes. Já as ações das empresas concorrentes subiram. Os papéis da TIM ON tiveram alta de 1,91% e Vivo PN ganhou 1,38%.
Diante da maior recuperação judicial da história do país, a BM&FBovespa informou que vai retirar as ações da Oi do Índice Brasil Amplo (IBrA), do Índice Brasil 100 (IBrX 100), do Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT), do Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC), do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e do Índice Small Cap (SMLL).
Em Nova York, os recibos de ações da empresa foram suspensos, após queda de 46,6%. A bolsa americana iniciou os procedimentos para deslistar os papéis da companhia. Segundo a Nyse, os preços estão em níveis muito baixos e fora do padrão normal. O ADR da Oi valia US$ 0,16.
Apesar da instabilidade trazida pela Oi, o Ibovespa terminou o pregão em alta de 1,01% aos 50.838 pontos, acompanhando o desempenho positivo dos mercados internacionais. O preço do petróleo reduziu parte da queda em que operou durante o dia e ajudou a elevar o preço das ações da Petrobras, que têm um peso importante na composição do Ibovespa. As ações ordinárias da petrolífera subiram 1,79% e os papéis preferenciais tiveram alta de 3,81%. As ações da Vale ON ganharam 0,19% e Vale PNA teve leve queda de 0,16%.
Outras ações em destaque no pregão de ontem foram os papéis da Estácio Participações ON, que subiram 2,26%. A Kroton elevou a proporção de troca de papéis de 0,977 para 1,25 ação da Kroton para cada papel da Estácio. A nova relação de troca ofertada representa um prêmio de 27,9% sobre a primeira proposta da Kroton e de 48,1% sobre o preço de fechamento das ações da Estácio em 1º de junho, último dia de negociações antes do início das tratativas de fusão. As ações da Kroton subiram 5,02%.
No mercado internacional, às vésperas do referendo sobre o "Brexit", nome dado a uma eventual saída do Reino Unido da União Europeia, o mundo inteiro está de olho no que sugerem as pesquisas de intenção de voto. O clima é de caulela. Além disso, o discurso "dovish" da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, frente à Comissão de Bancos do Senado, reforçou a cautela dos investidores. O índice Dow Jones fechou em alta de 0,14%, o S&P 500 ganhou 0,27% e o Nasdaq, 0,14%. (Com agências internacionais)