O frigorífico Independência, que está em recuperação judicial, retoma hoje assembleia com credores e deve apresentar proposta que prevê a venda de ativos como forma de reerguer a companhia. Na sexta-feira, a assessoria financeira contratada pela empresa informou a credores, em teleconferência, que há um investidor interessado em comprar ativos, disseram fontes que representam credores.
Além da venda de ativos, o Independência também planeja a criação de uma nova empresa. Ambas as propostas já haviam sido apresentadas em assembleia no dia 22 de novembro passado, suspensa, por não haver consenso entre credores.
Na sexta-feira, o frigorífico voltou a apresentar a ideia de converter parte da dívida do Independência em ações da nova companhia a ser criada. Na assembleia de novembro, a proposta era transformar em ações uma fatia de US$ 800 milhões da dívida total de mais R$ 2 bilhões.
Como o plano de converter os créditos em ações da companhia sofre resistência dos bancos credores, o Independência propõe agora a emissão de debêntures conversíveis em ações da empresa. Nesse caso, os credores subscreveriam as debêntures, mas teriam a opção ou não de converter seus créditos, até 15%, em participação no Independência, de acordo com um credor.
Conforme essa fonte, o Independência apenas apresentou as propostas, mas elas não estão formalizadas. Não ficou claro, por exemplo, qual será o tratamento dado a cada categoria de credor. Diante do quadro de indefinições, há quem acredite que a reunião credores hoje possa ser suspensa novamente.
Segundo a mesma fonte, a assessoria financeira informou que o eventual investidor - cujo nome não foi dito - teria capacidade de fazer aportes no Independência superiores ao bônus emitido pela companhia, já em recuperação judicial, em março do ano passado. Esse título - no valor de US$ 165 milhões e com vencimento em 2015 - tinha como objetivo pagar fornecedores e capital de giro. No fim de setembro, porém, o Independência anunciou que não pagaria juros desse eurobônus.
O Independência pediu recuperação judicial há dois anos e teve o plano de reestruturação aprovado em março do ano passado, mas não conseguiu cumpri-lo.
Autor: Alda do Amaral Rocha
Fonte: Valor Econômico (31/01/2011)