Usinas: Em recuperação judicial, empresa do grupo Bertin terá R$ 90 milhões para ampliar moagem de cana
A Infinity Bioenergy, recebeu, por meio de sua controlada, o grupo Bertin, um empréstimo de R$ 90 milhões de um fundo de investimentos, segundo apurou o Valor. Outras operações estão em andamento para captar recursos adicionais à companhia, que está em recuperação judicial desde meados de 2009.
Douglas de Oliveira, que assumiu ontem a presidência da Infinity, confirma o empréstimo, mas não o valor, por conta de "cláusulas de confidencialidade". E afirma que o empréstimo será usado para otimizar as operações agrícola e industriais das usinas da Infinity, de forma a acelerar a saída da empresa da recuperação judicial.
"Essa antecipação é desejo de todo o grupo. Somente fora da recuperação conseguiremos abrir linhas de crédito nos bancos oficiais do governo, como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)", diz Oliveira.
Também por questões de confidencialidade, o executivo não revela o nome do fundo que concedeu o empréstimo. Mas, segundo apurou o Valor, o recurso foi emprestado pela CarVal Investors, com possibilidade de, no futuro, ser convertido em ações. A CarVal é uma empresa de gestão de recursos que tem como acionista a americana Cargill e que desde 2000 atua no mercado brasileiro. Procurada, a Cargill não comentou o assunto.
Oliveira, que já foi executivo do próprio Bertin, assumiu o novo cargo no lugar de Manoel Fernando Garcia, que é proprietário da trading de açúcar Fluxo. Garcia ficou menos de cinco meses à frente do projeto de açúcar e álcool do Bertin e pediu demissão no início de setembro.
Antes de sair, Garcia tinha realizado levantamento em todas as seis unidades industriais da Infinity, a partir do qual se verificou a necessidade de investimento no curto prazo de R$ 120 milhões para elevar a capacidade de moagem dos atuais 6 milhões de toneladas para 9,3 milhões de toneladas no próximo ciclo - aumento de área plantada e da produtividade dos canaviais, além de compra de moendas para otimizar a capacidade industrial.
Esse projeto não incluía a usina São Fernando (MS), na qual o Bertin tem participação de 50%, fruto de um negócio feito há três anos com o grupo Bumlai, que tem a outra metade da usina, com moagem de 3 milhões de toneladas de cana. "Um bom trabalho não pode ser perdido. Em algumas semanas terei uma visão do geral do que vinha sendo feito", afirma Oliveira.
O executivo também tem longa trajetória no agronegócio. Sua principal experiência no setor sucroalcooleiro foi entre outubro de 1997 e março de 2002 quando exerceu o cargo de diretor financeiro e de relações com investidores da Copersucar.
A Infinity nasceu em 2006 no "boom" do etanol e era liderada pelo executivo Sérgio Thompson-Flores, que não está mais na companhia. Sua recuperação judicial foi aceita pelos credores em dezembro de 2009 e em março deste ano, teve 70% de suas ações compradas pelo Bertin. Outros 27% são de ações de ex-credores que converteram dívidas em participação e os 3% restantes dos antigos investidores. A dívida da empresa é de R$ 540 milhões, sem tributos.
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Fonte: http://www.agronegocio.goias.gov.br (01/10/2010)