SÃO PAULO - (Atualizada às 8h48) O Itaú Unibanco registrou lucro líquido recorrente de R$ 5,575 bilhões no segundo trimestre, o que representa uma redução de 9,1% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado contábil foi 7,8% menor, na mesma base de comparação, e somou R$ 5,518 bilhões. A partir deste trimestre, o balanço do maior banco privado do país passou a consolidar os dados do chileno CorpBanca.
O banco registrou retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) de 20,6% no segundo trimestre, inferior os 24,8% no mesmo período de 2015, mas acima dos 19,6% dos três primeiros meses deste ano.
A margem financeira gerencial do Itaú foi de R$ 16,588 bilhões, queda de 3,7% na comparação com o resultado de abril a junho do ano passado.
A carteira de crédito do banco, incluindo avais e fianças, encerrou o segundo trimestre em R$ 573,003 bilhões, queda de 4,6% em relação a março e de 5,8% em 12 meses.
O segmento de pessoas jurídicas encabeçou a queda da carteira de crédito do Itaú Unibanco no segundo trimestre. O saldo das operações com esses clientes era de R$ 251,136 bilhões no fim de junho, o que representa um recuo de 11,9% em 12 meses.
O portfólio de pessoas físicas também encolheu, mas numa intensidade menor. A carteira desse segmento somava R$ 182,626 bilhões no encerramento do trimestre, indicando queda de 2,5%, Houve forte retração (de 29,8%) no financiamento a veículos, mas os segmentos de cartões e crédito pessoal também encolheram. Consignado e crédito imobiliário cresceram.
A despesa líquida de provisão para devedores duvidosos do Itaú aumentou 16,5% na comparação com o segundo trimestre do ano passado, para R$ 5,365 bilhões. Em relação aos três primeiros meses do ano, porém, houve uma queda de 23,1% nos gastos para proteger o balanço contra calotes.
Os ativos totais da instituição somavam R$ 1,396 bilhão no fim de junho, redução de 4,7% em relação ao segundo trimestre do ano passado.
Inadimplência
O índice de inadimplência na carteira de grandes empresas do Itaú Unibanco, considerando os atrasos de 15 a 90 dias, apresentou forte elevação entre abril e junho, de 1,5% para 2,3%. Em junho do ano passado, o indicador estava em 1,4%.
O aumento de 0,8 ponto percentual em três meses foi concentrado em apenas um grupo econômico, que já está com o saldo de crédito 100% provisionado, segundo o banco. Sem considerar esse caso específico, o índice de atrasos de 15 a 90 dias na carteira de grandes empresas teria sido de 1% em junho, segundo o banco.
O Itaú não menciona o nome do cliente em atraso, mas o trimestre foi marcado pelo pedido de recuperação judicial da operadora de telefonia Oi. O banco possui exposição R$ 1,36 bilhão em dívidas da companhia, na forma de certificados de recebíveis imobiliários (CRI).
O índice de inadimplência acima de 90 dias do Itaú encerrou o trimestre em 4,5%, considerando apenas a carteira no Brasil, alta de 0,1 ponto percentual no trimestre e de 0,9 ponto em 12 meses.
Nos empréstimos a pessoas físicas, a inadimplência caiu 0,1 ponto percentual no trimestre e registrou alta de 1 ponto em 12 meses, para 5,9%. A carteira de pequenas e médias empresas encerrou junho com um índice de atrasos de 6%, alta de 0,4 ponto em relação a março e de 2 pontos percentuais em 12 meses.
A inadimplência nos empréstimos a grandes empresas era de 1,6% no segundo trimestre, alta de 0,1 ponto percentual em relação a março e queda de 0,2 ponto na comparação com junho de 2015.
Os atrasos acima de 90 dias na carteira total, incluindo as operações na América Latina, fechou o trimestre de 3,6%, alta de 0,1 ponto percentual no trimestre e de 0,6 ponto em 12 meses.
Aumento de capital
O conselho de administração do Itaú Unibanco aprovou um aumento de capital de R$ 12 bilhões. A operação será realizada com a capitalização de valores registrados nas reservas de lucros e via bonificação de ações.
Pela proposta, os acionistas receberão uma nova ação para cada dez possuídas. O capital do Itaú passará para R$ 97,148 bilhões após a operação.
Os dividendos mensais pagos aos acionistas serão mantidos nos valores atuais, segundo o banco. A data-base do direito à bonificação será comunicada ao mercado após a autorização do aumento de capital em assembleia de acionistas e pelo Banco Central (BC).
Projeções
O Itaú Unibanco reduziu de forma significativa as projeções para o desempenho de sua carteira de crédito em 2016. A expectativa do banco agora é que o portfólio expandido — incluindo avais, fianças e títulos privados — encolha entre 5,5% e 10,5% neste ano, levando em conta também as operações do recém-consolidado CorpBanca. Anteriormente, a previsão era de queda de 0,5% a alta de 4,5%.
Se excluído da conta o banco chileno, a carteira de crédito do Itaú no Brasil deve encolher de 6% a 11% neste ano. As projeções anteriores indicavam recuo de 1% a alta de 3%.
O Itaú também revisou para baixo suas projeções para a margem financeira com clientes. A nova estimativa vai de uma queda de 1% a uma alta de 2% desse indicador nas operações no Brasil. Antes, a expectativa era de crescimento de 1% a 4%.
Incluindo as operações do CorpBanca, a margem financeira com clientes deve ficar entre queda de 2,5% e crescimento de 0,5% neste ano. A projeção anterior indicava alta de 2% a 5%.
O Itaú manteve a projeção de despesas de provisões para devedores duvidosos (PDD) entre R$ 21 bilhões e R$ 24 bilhões neste ano, sem o CorpBanca. Quando entra na conta o banco chileno, a estimativa foi revisada da faixa de R$ 22 bilhões a R$ 25 bilhões para R$ 23 bilhões a R$ 26 bilhões.
A estimativa para despesas não decorrentes de juros passou de uma alta de 5% a 7,5% para uma expansão de 2% a 5%, incluindo o CorpBanca. No que diz respeito apenas às operações do Itaú Brasil, a projeção agora é de aumento de 2,5% a 5,5%, ante 4% a 6,5% esperados anteriormente.
As receitas de serviços e resultado de seguros devem agora crescer entre 4% e 7% neste ano, incluindo o CorpBanca. A expectativa anterior era de alta de 6% a 9%. Considerando-se apenas as operações no Brasil, foi mantida a projeção de alta entre 4,5% e 7,5%.