Pelo menos três grupos de investidores negociam a compra da dívida bancária do Grupo Abril, que está em recuperação judicial e que teve o controle acionário vendido no fim de dezembro para o advogado Fábio Carvalho. A Jive Asset Management, gestora especializada em ativos "estressados", fez proposta para assumir os passivos da companhia com instituições financeiras, apurou o Valor.
A Jive vai concorrer com duas propostas que já estavam na mesa. Uma delas é a da Enforce, empresa de recuperação de créditos do BTG Pactual, banco que apoia financeiramente Carvalho na compra da Abril. A outra vinha sendo estruturada pela Guilder Capital, do executivo João Consiglio, com suporte financeiro da BRZ Investimentos.
O grupo liderado por Consiglio foi derrotado por Carvalho na disputa pelas ações da Abril, mas continua interessado nas dívidas, segundo fonte próxima aos credores.
O Valor noticiou no mês passado que a venda das ações não encerrava as negociações da Abril com os bancos e que o grupo liderado por Consiglio deveria se manter no páreo.
A Abril está sob proteção judical contra credores com dívidas de R$ 1,6 bilhão, sendo R$ 1,1 bilhão com bancos. Quase a totalidade se refere a uma debênture detida por Bradesco, Itaú Unibanco e Santander.
O destino das dívidas bancárias da companhia é importante porque, como maiores credores, as instituições financeiras têm o poder de aprovar ou rejeitar o plano de recuperação judicial da empresa. A assembleia de credores está prevista para ocorrer entre o fim de fevereiro e o começo de março.
Não há detalhes sobre a proposta que a Jive apresentou. No fim do ano passado, a Enforce havia proposto aos bancos um deságio de 94% para pagamento à vista, enquanto a Guilder ofereceu comprar as dívidas com um desconto de 90%.
Um executivo próximo aos credores afirmou que não há uma decisão iminente. Outra fonte diz que o prazo da assembleia pode ser prorrogado caso as negociações com os bancos se arrastem por mais tempo.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou há duas semanas a venda da Abril da família Civita para a Cavalry Investimentos, controlada por Carvalho. O advogado disse que pagou R$ 100 mil pelas ações e que fará um aporte de R$ 70 milhões na companhia, que está com geração de caixa negativa.
22/01/2019