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J.P. Morgan ofertará fundo global de dívida de alto risco

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O J.P. Morgan prepara a oferta de um fundo no mercado local para investir em títulos de dívida corporativos de alto risco, conhecidos como "high yield", com proteção contra a oscilação do câmbio. Os resultados da carteira, com aplicação mínima de R$ 50 mil, serão uma combinação da rentabilidade do portfólio Global High Yield Bond com um diferencial da taxa de juros brasileira. A expectativa é de que o retorno em reais, considerando apenas o rendimentos pagos pelos títulos, gire em torno de CDI mais 3%, já descontado o custo de hedge. Hoje, os investidores já têm acesso ao fundo no exterior, mas ficam expostos à variação do dólar.

Trata-se de mais um portfólio que surge após a flexibilização de regras para investir no exterior via fundos. Em outubro, a instrução nº 555 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) derrubou a aplicação mínima de R$ 1 milhão para carteiras que aplicam mais de 67% fora do Brasil desde que obedeçam certas condições.

A estratégia global de investimentos em bônus corporativos "high yield" do J.P. Morgan, que reúne US$ 25 bilhões, dos quais US$ 6 bilhões geridos por meio de um fundo "offshore" para investidores estrangeiros, considera apenas mercados desenvolvidos. Pouco mais de 80% dos emissores em carteira são americanos, outros 8% estão na zona do euro, 4% no Canadá e 3% no Reino Unido.

"Há espaço para ativos emergentes num portfólio diversificado, mas definimos high yield como mercados desenvolvidos apenas", afirma David Seaman, gestor responsável pelo relacionamento com cliente do time global de renda fixa, moedas e commodities. Em passagem pelo Brasil, o executivo disse preferir ficar fora de emergentes, por conta, entre outros fatores, da influência grande que as empresas nesses mercados sofrem do ambiente macroeconômico e da performance muitas vezes limitada ao risco soberano, além da insegurança jurídica relacionada à lei de recuperação judicial.

Por se tratar de uma estratégia em que se espera calote, Seaman diz que tem mais segurança em investir em mercados como o americano em que o processo de recuperação judicial tem um arcabouço regulatório bem definido, além de um longo histórico. "Vai haver default, mas acreditamos que o risco a que estamos sujeitos [nos Estados Unidos] é compensado pelo retorno."

Seaman conta que, no mercado de títulos high yield denominados em dólar - estimado em US$ 1,3 trilhão, com mais de 1.100 emissores de dívida -, a taxa média anual de default de longo prazo é de 4%. Mas diz que, por conta de uma lei de falência eficiente, não se perde tudo. No caso de bônus sem garantia, segundo o gestor, recupera-se cerca de 40 centavos por dólar, ou seja, 40%, o que leva a perda efetiva para 2,4% ao ano na média. Para bancar esse risco, ele considera o spread atual oferecido pelo mercado - mais de 600 pontos acima dos títulos do Tesouro americano - bastante razoável.

"Desde as mínimas, em 11 de fevereiro, a estratégia vem apresentando um bom desempenho, mas ainda assim oferece spreads atrativos", afirma. No primeiro semestre, o índice US High Yield Master II Constrained, do BofA Merrill Lynch, rendeu 9,32%. Considerando apenas o que paga esses papéis, o retorno no ano deve alcançar cerca de 12%.

O fundo Global High Yield Bond do J.P. rendeu 7,25% no mesmo período. Boa parte das carteiras, segundo o banco, teve performance abaixo do referencial em razão, entre outras, do fato de a indústria estar com baixa exposição em petróleo e mineração, setores que tiveram uma alta expressiva em 2016. Para o resto do ano, o retorno estimado para o fundo, com base no que pagam os papéis dos 250 emissores em carteira, estava em cerca de 7,5%. A conta considera potenciais ganhos de capital, a partir da valorização dos papéis.

A perspectiva de aperto monetário nos EUA não é um problema para o segmento, segundo o gestor. "O mercado de high yield é relativamente imune à alta de juros durante o ciclo", diz. Uma alta de 0,25 ou 0,50 ponto na taxa não afeta o desempenho, por conta do spread em relação aos Treasuries de mais de 600 pontos, diz. O maior risco para a estratégia, segundo Seaman, é o da própria emissora da dívida e, num segundo momento, o da dinâmica da atividade econômica. "Baseamos nossas decisões em uma análise dos fundamentos [das empresas] aliada ao 'valuation' do papel".

Para Seaman, é justamente a atratividade da relação entre risco e retorno que coloca o segmento como uma alocação tática para o investidor. A performance da estratégia, segundo o gestor, nos últimos 30 anos equipara-se à do índice S&P, com volatilidade menor. O retorno ponderado pelo risco medido pelo índice de Sharpe é de 0,17 para a classe high yield ante 0,10 para o S&P 500 - quanto maior, melhor.

Giuliano De Marchi, à frente da equipe comercial do J.P. Morgan na América Latina, diz que o apelo está na oportunidade de acessar um mercado de crédito com retorno atrativo, liquidez e altamente diversificado comparativamente ao brasileiro.

Autor(a)
Alessandra Bellotto e Daniela Meibak

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