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Justiça aceita recuperação da Jandaia

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Sucos: Companhia de 69 anos de mercado deve R$ 160 milhões a fornecedores e bancos

Queda nas exportações, empréstimos a juros altos e brigas familiares levaram uma das mais antigas fabricantes de sucos do país a pedir recuperação judicial. A Sucos Jandaia, com sede em Pacajus, no Ceará, acumulou nos últimos anos dívida de R$ 160 milhões, valor superior ao faturamento anual da companhia, que no ano passado chegou a R$ 148 milhões.

A recuperação judicial foi deferida na última quarta-feira, pela 1ª Vara de Pacajus do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará. Durante 180 dias, a companhia fica com ações e execuções de dívidas suspensas e tem 60 dias para apresentar um plano de recuperação, que será apreciado por um juiz.

"O endividamento da empresa é fruto de uma sucessão de fatores", afirma Roberto Carlos Keppler, advogado da companhia.

A história começa quando os irmãos Carlos Figueiredo e Pedro José Philomeno Gomes Figueiredo herdaram a empresa, fundada em 1941, de seu avô Pedro Filomeno. Os dois, segundo fontes ouvidas pelo Valor, não entraram em acordo sobre quem controlaria a empresa e por isso, em 2005, decidiram dividi-la em duas. "Até a fábrica foi dividida ao meio, gerando duas plantas independentes. As empresas até concorriam entre si", afirmou uma fonte ligada à família.

Mas em 2005 Cláudio Figueiredo comprou a parte do irmão, José Philomeno, que hoje é prefeito de Pacajus. Cláudio tornou-se presidente da companhia, cuja razão social é Sucos do Brasil S/A.

No mesmo ano, a empresa investiu R$ 40 milhões na construção de uma nova fábrica, também em Pacajus, com dinheiro financiado. De toda produção, uma fatia de 20% se destinava à exportação, principalmente para os Estados Unidos.

O problema é que, com o início da crise mundial em 2008, os juros subiram e as exportações caíram, iniciando uma ciranda financeira que levou à dívida hoje calculada em R$ 160 milhões - 8,1% a mais que as vendas da empresa em 2009. Os credores da Jandaia, segundo Klepper, são fornecedores, bancos, empresas de factoring e fundos de investimento.

Nesse cenário de comprometimento financeiro, a Jandaia teve ainda de enfrentar a concorrência da pernambucana Empresa Brasileira de Bebidas e Alimentos (Ebba), que em março do ano passado comprou da Kraft Foods a Maguary - marca mais forte do mercado de sucos concentrados.

A Sucos Jandaia tem hoje, segundo a revista "Supermercado Moderno", 8% de participação nas vendas de sucos de frutas concentrados e 5% nas de sucos e néctares prontos para beber, sendo 3% a fatia da empresa em sucos e néctares prontos light.

A Ebba, que é líder em sucos concentrados, tem 43% das vendas com as marcas Maguary e Da Fruta. Em sucos prontos, a número um é a Del Valle, da Coca-Cola, com 35% do mercado.

"A competição nesse setor de sucos é muito acirrada. Nenhuma empresa consegue trabalhar se não tiver um bom capital de giro para sustentar a operação enquanto não alcança uma boa escala", diz um competidor. "A Jandaia cresceu muito nos últimos anos, mas toda sua produção se concentrava no Nordeste. Isso encarecia o negócio, já que a empresa tinha o custo do frete para arcar", afirmou o empresário, que não quis se identificar.

Nos últimos anos, segundo outra fonte ligada à família, a Jandaia sofreu o assédio de fundos, investidores internacionais e de outras companhias que queriam comprar a cearense. Mas a família Figueiredo recusou todas as ofertas.

Autor: Lílian Cunha

Fonte: Valor Econômico (27/07/2010)

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