A 7ª Vara Empresarial da Justiça do Rio de Janeiro homologou o plano de recuperação judicial da Galvão Engenharia e da controladora da empresa, a Galvão Participações. Com o aval, o grupo está liberado para executar a venda de ativos que consta em seu planejamento.
O principal ativo à venda pela empresa é o controle da CAB Ambiental, com a qual a Galvão espera receber R$ 550 milhões por 66,7% da companhia de saneamento. Desse montante, uma fatia de 25%, já líquida de impostos, será destinada ao caixa da Galvão, para capital de giro.
A Galvão também pretende vender a concessão da rodovia BR-153 e os direitos de exploração de agregados minerais de uma pedreira em Arujá, no Estado de São Paulo.
O plano da companhia prevê a reestruturação de uma dívida de mais de R$ 1,8 bilhão, entre compromissos com instituições financeiras e fornecedores. A Galvão Engenharia possui dívidas de R$ 1,11 bilhão, sendo R$ 708 milhões devidos a bancos. Já a Galvão Participações deve R$ 783 milhões. Os principais credores do grupo são o Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
Levado à assembleia de credores, no fim de agosto, o plano de recuperação foi aprovado por 89% dos detentores de créditos financeiros, que possuem 67% dos valores devidos. As dívidas não sofrerão descontos e serão pagas integralmente no longo prazo.
Pelo acordo aprovado, os créditos serão trocados por debêntures de dez anos, renováveis por mais dez. Para a antecipação do pagamento das debêntures, todo o montante que a Galvão obtiver com a recuperação de R$ 2,5 bilhões em créditos que possui com a Petrobras por serviços prestados e não pagos, sobretudo pelas obras na Unidade de Fertilizantes de Mato Grosso do Sul, será destinado ao pagamento dos credores.
Citada nas investigações da Operação Lava-Jato, a Galvão Engenharia é a primeira das grandes construtoras a concluir a renegociação de suas dívidas. A empresa atribui seu endividamento aos desdobramentos da Lava-Jato sobre a cadeia fornecedora da indústria de óleo e gás. A estatal suspendeu os pagamentos às empreiteiras citadas pela Polícia Federal e as companhias do setor tiveram dificuldades de captar recursos no mercado financeiro.
Em 2014, a companhia contabilizou uma receita consolidada de R$ 3,6 bilhões e fechou o ano com o equivalente a R$ 6,7 bilhões em projetos em carteira.