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Justiça põe Saab à beira da falência

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A Saab Automobile está oscilando à beira do colapso, pela segunda vez em dois anos, depois que um tribunal sueco recusou o pedido de proteção da empresa em relação aos credores.

O destino da montadora problemática está agora nas mãos dos sindicatos de trabalhadores e dos seus fornecedores, que terão de decidir se a empurrarão para a insolvência a fim de garantir o pagamento de salários e contas não quitados.

Victor Muller, principal executivo da Saab, pediu para os credores "manterem a calma" enquanto a empresa recorre da decisão, divulgada na quinta-feira, do tribunal de primeira instância de Vänersborg de barrar sua tentativa de ingressar no regime de recuperação judicial.

O tribunal disse ver poucas perspectivas de a Saab ressurgir com sucesso de seu plano de reorganização e que, diante disso, não podia aceitar o pleito.

Líderes sindicais que representam os 3,6 mil funcionários da Saab vinham contando com a aprovação do tribunal, já que a medida lhes traria ajuda da parte do programa de garantia salarial do governo sueco.

Stefan Löfven, diretor do grupo sindical IF Metall, manifestou decepção com a decisão e disse que o sindicato pode agora ser obrigado a pressionar pela decretação de falência "dentro de alguns dias", a fim de habilitar os funcionários a receber ajuda oficial do governo.

No entanto, Fredrik Sidahl, diretor da FKG, entidade central das fornecedoras suecas de autopeças, disse que a insolvência não era do interesse de seus membros. "Se a empresa [Saab] abrir falência, as fornecedoras vão ficar sem nada, enquanto o regime de recuperação judicial lhes permitiria, pelo menos, receber alguma coisa", disse o executivo ao "Financial Times".

A montadora luta pela sobrevivência desde que sua controladora anterior, a americana General Motors , ameaçou fechá-la, em 2009, depois de anos de pesados prejuízos.

A GM acabou concordando em vender a empresa para a Spyker Cars, uma minúscula fabricante de carros esporte de alto desempenho fundada pelo empresário holandês Muller.

No entanto, a Saab continuou às voltas com dificuldades, e a produção foi suspensa nos últimos três meses em meio às disputas com as fornecedoras em torno de contas não pagas.

A Saab firmou, em junho, um acordo de venda de uma participação de 30% para duas empresas chinesas, a Pang Da Automobile Trade e a Zhejiang Yougman Lotus Automobile, num contrato de salvamento que supostamente abriria o mercado chinês à Saab.

O plano ainda aguarda a aprovação das autoridades chinesas, e analistas manifestaram dúvidas sobre a possibilidade de sua aprovação. Muller disse ao "Financial Times" que está confiante de que obterá em breve o sinal verde de Pequim.

No entanto, acrescentou, o período entre a prevista aprovação e a injeção de € 245 milhões de (US$ 341 milhões) por parte das duas empresas chinesas era "longo demais" para a montadora sobreviver sem proteção em relação aos credores.

Os automóveis sui generis da Saab, inspirados na aviação - a GM usava o slogan "Nascido dos Jatos" quando controlava a marca - tinham uma clientela cult, mas a montadora sueca sempre foi uma das menores fabricantes para o mercado de massa do setor. As vendas, que alcançaram seu pico de 132 mil unidades em 2006, minguaram para o limite inferior dos cinco dígitos.

O governo sueco assumiu uma atitude de liberalismo econômico com relação às suas duas principais montadoras - a Saab e a Volvo Cars - durante a crise, deixando-as, em grande medida, decidir sua própria sorte por si sós. A Volvo foi comprada no ano passado pela montadora chinesa Geely à Ford, por US$ 1,5 bilhão.

Autores: Andrew Ward e John Reed | Financial Times, de Estocolmo e Londres

Fonte: http://www.valor.com.br (12/09/2011)

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