A Log-In, empresa especializada na navegação de cabotagem, acertou uma suspensão temporária de pagamentos ("stand still") com um conjunto de bancos com os quais tem dívidas de curto prazo que somam R$ 530 milhões. O Valor apurou que o acordo é válido até 6 de março.
A Log-In vem negociando, por intermédio da assessoria financeira Moelis & Company, um "reperfilamento" de sua dívida de curto prazo. O acordo de suspensão temporária de pagamentos foi assinado, de acordo com fontes, com grandes bancos, como Banco do Brasil, Itaú, Santander e HSBC. Procurados, os bancos não deram entrevista.
A empresa não tem condições de arcar com os pagamentos a curto prazo e viu o custo de seu endividamento crescer também em função da alta da Selic, a taxa básica de juros. O objetivo é alongar o perfil da dívida, reduzindo também seu custo.
Além desses bancos, há endividamento com bancos médios, que também conversam com a companhia para uma reestruturação. A Log-In tem dívidas de curto prazo com vencimento em 18 meses e custo de 160% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI).
Um eventual pedido de recuperação judicial da Log-In parece hoje mais distante, mas não pode ser descartado. Vai depender da disposição dos bancos credores em reescalonar a dívida da companhia. "O fato é que a receita recorrente da Log-In não é suficiente para servir a dívida da empresa", disse um analista do setor. Mas, resolvida a questão do fluxo de pagamentos a curto prazo, a Log-In terá solvência.
Conforme as fontes, a Log-In já conseguiu reestruturar a dívida de longo prazo que possui com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), instituição com a qual contratou empréstimos de cerca de R$ 1,3 bilhão.
A Log-In enfrenta dificuldades há algum tempo, mas a situação se agravou em 2015. A crise econômica do Brasil reduziu o volume de cargas movimentado no Terminal de Vila Velha (TVV), de Vitória (ES), controlado pela empresa. A companhia também enfrentou atrasos na construção de quatro navios encomendados ao Estaleiro Ilha S.A. (EISA), que pediu recuperação judicial.
Em janeiro, a mineradora Manabi informou que tinha apresentado uma "proposta não vinculante" para adquirir o controle da Log-In. Mas, de lá para cá, não se teve mais notícias da transação. A Log-In também recebeu outras propostas não vinculantes, algumas das quais partiram de companhias de navegação internacionais.
Procurada, a Log-In não se manifestou. O presidente da empresa, Vital Jorge Lopes, disse que o que tinha para dizer consta do fato relevante divulgado no fim do ano passado, quando a empresa informou ao mercado que tinha iniciado estudos, com o apoio de assessores, para uma "eventual reestruturação de seu endividamento". Também procurada, a Moelis não deu entrevista.