RIO - A varejista Lojas Americanas está negociando a compra da Casa & Vídeo, uma de suas principais concorrentes no mercado do Rio e Espírito Santo. A rede de eletroeletrônicos e utilidades do lar carioca passou por dificuldades em 2008 e 2009, mas agora, depois de ter sua reestruturação aprovada, vem se recuperando.
A negociação com a Lojas Americanas está em pleno curso e entre os escritórios envolvidos está o Alvarez & Marsal, responsável pela reestruturação da empresa e de onde saiu o atual presidente da Casa & Vídeo, Fábio Carvalho. Participa também o Barbosa, Müssnich & Aragão, que atuou na aquisição do site de compras Submarino, em 2006. O banco BTG Pactual é a instituição financeira encarregada de coordenar a operação.
Em dezembro de 2008, a Receita Federal deflagrou a operação "Negócio da China" e prendeu 13 pessoas ligadas à Casa & Vídeo. Os dois proprietários, os irmãos Luigi Fernando Milone e Attilio Milone, foram presos e acusados de crimes de sonegação fiscal, evasão de divisas, contrabando, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Com as contas bancárias bloqueadas judicialmente, a empresa fechou oito lojas e ficou com dívidas de R$ 300 milhões junto a cerca de 500 credores.
Dois meses depois, a juíza Maria da Penha Nobre Victorino, da 5ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), aceitou o pedido de recuperação judicial, o que protegeu a varejista contra cobrança imediata de dívidas, pois todas as ações e execuções contra a empresa foram suspensas. A empresa ganhou 60 dias para se reestruturar. Naquela época, faturava apenas 35% do que chegou a vender antes da crise. A empresa demitiu metade dos 6 mil funcionários e por alguns meses vendeu apenas à vista para ter capital de giro.
Em setembro de 2009, a assembleia de credores aprovou a reestruturação proposta, com aprovação de 74,54% dos detentores de crédito.
Hoje, planeja ter um faturamento de R$ 1,3 bilhão para 2010, próximo do valor das vendas do período pré-crise. O fundo criado na reestruturação é gerido pelo banco Mellon, sendo que 66% das cotas pertencem a Fábio Carvalho. O restante das cotas estão com cinco fornecedores. A empresa paga royalties pelo uso da marca aos irmãos Milone.
Autor: Paola de Moura e Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico (30/06/2010)