A maior parte dos fundos de investimento com alocação em ativos da Oi, que entrou com pedido de recuperação judicial no dia 20, tem como cotistas investidores pessoas físicas. Segundo levantamento da Economática, do total de R$ 521 milhões aplicados em ativos da Oi em maio, último dado aberto das carteiras, Caixa Econômica Federal e BB DTVM respondem juntas por R$ 500 milhões. Essas alocações estão concentradas em debêntures emitidas pela empresa com vencimentos para dezembro de 2018 e março de 2019, cujos valores de emissão, somaram R$ 2,350 bilhões e R$ 1,5 bilhão respectivamente. Na época esses papéis tinham um rating "AAA".
A BB DTVM detinha, em maio, R$ 403,94 milhões aplicados em ativos da Oi na carteira de 18 fundos, basicamente em debêntures da companhia de telefonia.
Cerca de 45% da alocação desses papéis estão em fundos master, que recebem investimentos de outros fundos, e os outros 55% distribuídos em fundos exclusivos de investidores institucionais (previdência e fundos de regime próprio da previdência social, os RPPS).
Esses papéis foram adquiridos em dezembro de 2011 e março de 2013. O maior investimento da BB DTVM nesses ativos, que somava R$ 189,969 milhões, foi realizado pelo fundo Brasilprev TOP TP Renda Fixa Crédito Privado, uma carteira que recebe alocações de outros fundos que investem em cotas. Apesar de concentrar metade do valor alocado pela BB DTVM, esse volume representava apenas 0,34% do portfólio, cujo patrimônio é de R$ 57,250 bilhões. O restante das alocações do BB está distribuído em outros fundos da gestora, mas em nenhum deles chegava a ser uma posição relevante a ponto de ter um grande impacto para a rentabilidade das cotas.
A maior participação estava no BB Previdência TP FI RF Crédito Privado. A alocação em papéis da Oi representa pouco menos de 2,90% da carteira, cujo patrimônio é de R$ 233 milhões. Trata-se de um fundo exclusivo que recebe a alocação de RPPS.
No caso da Caixa, a gestora detinha R$ 106,167 milhões em debêntures da Oi com vencimento em dezembro de 2018, concentrados em três carteiras master, que recebem a aplicações de outros 9 fundos que distribuídos no mercado e que somam 120 mil cotistas, entre pessoas física e jurídica.
O investimento foi realizado em dezembro de 2011. Esses ativos respondem por cerca de 0,30% do patrimônio de cada carteira. A maior posição, de R$ 61,577 milhões, era no fundo renda fixa Caixa Master Personalizado 50 RF, que tem patrimônio de R$ 14,921 bilhões e recebe alocações de outros fundos de investimento.
Tanto a gestora da Caixa como a BB DTVM chegaram a ter uma posição maior em debêntures da Oi, mas venderam parte dos papéis com outros prazos em recompras realizadas pela empresa de telefonia. O restante, das séries com vencimentos em 2018 e 2019, foi mantido em carteira devido a dificuldade para realizar a venda no secundário, que tem uma liquidez muito baixa para títulos privados.
Ambas as gestoras já realizaram, em 21 de junho, a provisão para prejuízos referente à alocação nesses papéis após a Oi ter entrado com pedido de recuperação judicial. Isso acabou trazendo perdas nas carteiras master no dia 21, mas o impacto para os fundos que alocam nesses portfólios e que são distribuídos ao mercado deve ser menor. Por terem uma exposição pequena a esses ativos, o impacto da provisão na rentabilidade mensal deve ser limitado.
A Oi tem ao todo R$ 65,4 bilhões em dívidas e terá até seis meses para apresentar um plano de recuperação e chegar em um acordo com os credores.
Além da Caixa e da BB DTVM, outras gestoras locais tinham papéis de dívida da Oi. A Octante tem o equivalente a R$ 750 mil em bônus da Oi que foram emitidos no exterior, que representam cerca de 1% do patrimônio do fundo de crédito privado da gestora.
No caso das aplicações em renda variável, os fundos pesquisados pela Economática já venderam a maior parte dos papéis e detinham apenas R$ 16,4 milhões em ações da Oi considerando as posições compradas e vendidas nos papéis.
A Funcef confirma que tinha R$ 1,8 milhão em ações da Oi que estavam em dois fundos de investimento referenciados ao IBRX-100 e ao Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). As carteiras possuíam uma exposição de 0,09% e 0,25% respectivamente. Segundo a Funcef, as ações foram vendidas em 21 de junho, após o pedido de recuperação da Oi, uma vez que esses ativos deixaram os índices.