O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira que leva seu sobrenome, teriam se desentendido a respeito da propina a ser paga ao Partido dos Trabalhadores (PT). O dinheiro seria proveniente do fornecimento de sondas para a exploração de petróleo do pré-sal. As informações estão em petição assinada pelo relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin.
O documento relata que Pedro Barusco, ex-gerente de serviços da Petrobras, pediu à Odebrecht, umas das vencedoras do consórcio de fornecimento de sondas, uma propina no valor de 1% dos contratos. Segundo Márcio Faria da Silva, ex-executivo da empreiteira e delator da Lava-Jato, 35% desse valor seria destinado a funcionários da empresa petrolífera e, 65%, ao PT. “Mas a agremiação partidária não teria recebido os valores por ordem de Marcelo Bahia Odebrecht”, diz o documento.
Já Rogério Santos de Araújo, também ex-executivo e delator, aponta que o rateio era de um terço para os funcionários da Sete Brasil e da Petrobras e dois terços para o PT, “conforme decidido pelo partido e pelo ex-Presidente da República Lula”.
O próprio Marcelo Odebrecht, em cujos depoimentos também está baseada a petição, afirmou “que a negativa de pagamento deveu-se à compreensão de que os valores solicitados por Antônio Palocci (ex-ministro) e João Vaccari (ex-tesoureiro do PT) já estariam no valor global acertado” com o próprio Palocci.
A petição, no entanto, não deixa claro quanto teria sido o “valor global” e nem o desfecho da negociação.
Fachin, por sua vez, remeteu o caso à Justiça do Paraná, onde surgiu a Lava-Jato, já que nenhum dos envolvidos têm foro privilegiado no STF.
12/04/2017