Mais de um mês após serem demitidos, cerca de 50 funcionários da Mecânica Abril ainda aguardam o pagamento das verbas de rescisão. A empresa, localizada no Parque Oratório, em Santo André, passa por dificuldades financeiras e entrou em recuperação judicial , medida que permite a suspensão do pagamento das demissões.
A justificativa apresentada pela Mecânica Abril aos funcionários é que a recuperação judicial era o único caminho possível para evitar a falência.
Diretores da empresa conversaram neste mês com uma comissão de trabalhadores, mas não prometeram data para que as verbas rescisórias sejam pagas.
Solução
De acordo com o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Rossini Handleys, a empresa apresentou proposta que pode resolver o impasse e destravar os pagamentos. "Eles ocupam hoje dois prédios, um deles alugado. Eles se comprometeram a buscar compradores para um dos prédios, para ter condições de pagar os direitos trabalhistas", explica Handleys.
Caso a venda seja concretizada, a Mecânica Abril resolverá dois problemas de uma só vez: paga as verbas rescisórias e passa a ter mais chances de o plano de recuperação da empresa ser aprovado pelos ex-funcionários.
Segundo Handleys , os trabalhadores passaram a ser credores. "A administração da empresa vai chamar todos para votar um plano de pagamento dos débitos, que envolve as dívidas trabalhistas", explica o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Rossini Handleys.
Depois que o sindicato passou a negociar o pagamento das dívidas trabalhistas, a Mecânica Abril pagou a cada funcionário demitido R$ 1 mil, valor muito aquém do que cada metalúrgico tem direito, segundo Handleys. Muitos dos trabalhadores dispensados tinham mais de uma década de casa.
No mês passado, funcionários protestaram contra a falta de pagamento das rescisões, acampandos na Mecânica Abril. A demissão de 50 profissionais ocorreu de uma só vez, no dia 14 de março.
A empresa
Os 50 funcionários demitidos no mês passado não foram os primeiros a sofrer na pele com a crise vivida pela Mecânica Abril.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá estima que um total de cerca de 100 trabalhadores tenham sido cortados nos últimos anos.
De acordo com a entidade, muitos deles ainda estão lutando para receber todas as verbas rescisórias.
A Mecânica Abril trabalha com ferramentaria no fornecimento de peças para montadoras de automóveis. Também trabalha com máquinas utilizadas por fabricantes de pneus, como Pirelli e Firestone.