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Mendes Júnior fica sem herdeiros no comando

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A morte do empresário Murillo Mendes, ocorrida no domingo, deixa a Mendes Júnior, que já foi uma das maiores construtoras do Brasil, sem um herdeiro no comando. Sérgio Cunha Mendes, seu sobrinho, poderia ser um dos nomes para assumir a direção da empresa. Mas seis dias antes da morte do tio, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, determinou que ele começasse a cumprir sua pena de 27 anos e dois meses prisão.

A determinação veio logo depois que Cunha Mendes foi condenado em segunda instância no âmbito da Operação Lava-Jato por crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Ele chegou a ser um dos principais executivos da empresa. Estava afastado desde que as investigações chegaram à companhia, logo no início da operação.

Outro sobrinho do empresário, Ângelo Mendes, já ocupou um cargo de diretor, mas deixou a empresa há alguns anos.

A Mendes Júnior era comandada por Murillo Mendes desde que ele tinha 28 anos. Até o ano passado, aos 92 anos, foi diretor presidente. Teve, nos últimos anos, como auxiliares diretos funcionários que não são membros da família. Entre eles, Victorio Semionato, Ângelo Cota, da área financeira, e Maurício Veloso, da área jurídica. Semionato deixou a empresa e passou a atuar como consultor. Assim Cota tornou-se o executivo mais graduado.

A construtora, fundada pelo pai do empresário, é uma sociedade anônima que pertence à família. À exceção de Sérgio Cunha, a Mendes Júnior não teve ao longo de anos outros membros da família no centro das decisões. Murillo Mendes exercia um papel preponderante. As decisões estavam centralizadas em suas mãos. Suas duas filhas, Márcia e Patrícia, trilharam caminhos próprios e não participavam da gestão.

José Murilo Procópio, que foi advogado de Mendes, afirmou ao Valor que por 23 anos conviveu intensamente com ele. "Não me lembro delas frequentando a empresa ou dele vinculando-as de alguma forma à Mendes Júnior." Mas são elas as herdeiras diretas.

Dona Lúcia Mendes, esposa do empresário, falecida semanas antes dele, tampouco participou da vida empresarial do marido. O mesmo ocorreu com uma irmã e um irmão mais novo dele.

Com um histórico de obras importantes, entre elas a Ponte Rio-Niterói, a Transamazônica, Itaipu, o Sambódromo do Rio e o Memorial da América Latina, em São Paulo, a Mendes Júnior está desde o ano passado em processo de recuperação judicial.

O acordo de recuperação foi homologado em maio. A construtora se comprometeu a pagar em até cinco anos dívidas de cerca de R$ 360 milhões. Embora suspenso atualmente, por conta da contestação de alguns pontos por parte do Bradesco, a execução do plano de recuperação não é afetado pela morte de Murillo Mendes, lembra a advogada Maria Celeste Morais Guimarães, administradora da recuperação da Mendes Júnior.

A Mendes Júnior que ficou para a família é uma empresa que encolhe ano a ano. De milhares de empregados em períodos de auge, dos anos 70 e 90, tinha 511 em fevereiro de 2016; 104, em fevereiro de 2017; e 74 em fevereiro passado.

Em 2014, 2015 e 2016, a empresa acumulou prejuízos, de R$ 126 milhões, R$ 240 milhões e R$ 33 milhões, respectivamente. Os dados foram apresentados em abril a credores cobertos pelo acordo de recuperação. O dado fechado de 2017 não foi apresentado.

Em outubro passado, a empresa registrou receita operacional líquida de quase R$ 18 milhões; e em fevereiro, de R$ 5,9 milhões.

21/08/2018

Autor(a)
Marcos de Moura e Souza

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