O Ministério Público de Maringá (PR) apresentou denúncia criminal contra o empresário Antônio Donisete Busíquia, antigo dono da varejista Dudony, comprada há um ano pelo Baú Crediário, do Grupo Silvio Santos. Busíquia é acusado de enriquecer às custas de credores públicos e privados, para os quais estaria devendo cerca de R$ 308 milhões.
"O denunciado, além de desviar e ocultar bens móveis e imóveis de sua propriedade, ainda pretende receber vultosa soma total de ativos envolvidos no plano de recuperação das suas empresas, tudo em claro prejuízo aos demais credores", diz texto do promotor de justiça Maurício Kalache.
Segundo ele, Busíquia comandou um esquema criminoso e contou com a colaboração da esposa, Ana Márcia Messias Busíquia, dos filhos Leonardo e Fernando, e do irmão Paulo Sérgio Busíquia. Também foram denunciados Geraldo Luiz Gonçalves e José Ramil Poppi, que teriam sido usados como laranjas, além do contador Júlio Gonçalves Neto e os empregados da rede Mauro José de Farias e Eldo Moreno.
A Dudony, nome fantasia das empresas Dismar e Markoeletro, entrou em recuperação judicial no fim de 2008 e suas 110 lojas foram adquiridas pelo Baú por R$ 25 milhões, a serem pagos até 2014. "Foi uma compra legal, homologada judicialmente", diz o diretor de varejo do Grupo Silvio Santos, Décio Pedro Thomé.
O advogado de Busíquia, Cleverson Colombo, alegou que ainda não teve acesso aos dados do processo e informou que ninguém foi notificado. Kalache, que investiga o caso desde o ano passado, pediu a prisão preventiva do empresário e o sequestro de bens, mas só teve o segundo pedido deferido. O promotor descreveu na denúncia um complexo esquema de abertura de empresas e alterações societárias feitas pelos denunciados, que teriam deixado de pagar fornecedores e bancos para adquirir imóveis e outros bens. Segundo a acusação, os débitos com fornecedores, empregados e bancos somam R$ 104,6 milhões e, com a Fazenda Estadual, R$ 203,6 milhões.
Autor: Marli Lima, de Curitiba
Fonte: Valor Econômico (01/06/2010)