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Mitos e Verdades da recuperação de empresas

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Quando o assunto é tirar um negócio da crise financeira, tão pródigas quanto as dívidas são as dúvidas com relação ao melhor caminho a seguir.

Autor do livro "Manual de Gestão de Crise Financeira e Turnaround", o consultor Artur Lopes está à total disposição para contribuir com suas pautas nesse campo. 

Embora a economia brasileira dê fortes sinais de estar consolidando um círculo virtuoso, Lopes considera fundamental que as empresas de todos os portes e naturezas não baixem a guarda com relação aos preceitos de uma boa gestão preventiva, capaz de evitar o mergulho em situações difíceis e, muitas vezes, incontornáveis. 

Mas quando o pior é inevitável e a crise financeira se instala, ele lista alguns mitos e verdades envolvendo o "Business Recovery", conceito no qual se especializou e vem colecionado casos de sucesso ao longo dos últimos 15 anos: 

1) O gestor de uma crise financeira tem por missão intervir não apenas num determinado foco da questão, mas sim na combinação de fatores operacionais e administrativos que podem ter desencadeado o problema - VERDADE 

Quando se inicia um projeto de reestruturação, se coloca em curso uma série de providências interdependentes, porém focadas em trazer a empresa para um patamar de normalidade, estabilizando sua operação e debelando a crise. Atingir apenas o aspecto da operação onde uma somatória de fragilidades da organização aflorou, quase sempre dá origem a melhorias passageiras, porém, sem a solidez que um processo efetivo de reerguimento e o início de uma fase positiva e realmente sustentável requer. 

2) A gestão de crise implica, quase sempre, rompimento de alguns contratos, na forma com eles foram concebidos – VERDADE 

Normalmente, ao longo de sua vida o empresário tece uma ampla teia de relacionamentos que, invariavelmente, carrega um forte componente emocional. No entanto, esses vínculos com funcionários, fornecedores ou parceiros financeiros não podem inibir as duras medidas que se requerem para combater uma crise. Afinal, é quase impossível sair de dificuldade sem contrariar interesses. O que não se pode perder de vista, em hipótese alguma, é o cumprimento dos acordos estabelecidos nas rescisões, sob pena de se eliminar um aparente passivo financeiro de imediato, porém criar outro de gravidade muitas vezes até maior, que é o de ordem judicial. 

3) O êxito de um plano de reestruturação depende do rigor e da assertividade para a sua adoção, o que nem sempre é possível, quando fica sob o cuidado da equipe interna da empresa – VERDADE 

Para que o processo transcorra com o máximo de isenção, é conveniente que os gestores do plano tenham autonomia e, principalmente, neutralidade, para pôr em prática tudo aquilo que necessita ser implementado, quase sempre medidas duríssimas e de difícil execução, caso o poder decisório se restrinja ao ambiente interno. 

4) O empresário, em sua grande maioria, se acha invulnerável e crê que o mercado vai reagir e que tudo no futuro dará certo – VERDADE 

A resistência em reconhecer e tratar a crise implica sempre o aumento de sua proporção. É um autêntico círculo vicioso, que se alimenta da inércia e a esperança de tempos melhores, frente a um cenário favorável. Além do absoluto desconhecimento de como combater e enfrentar uma crise, essa postura muito tem a ver com a autoestima inflada dos nossos empreendedores, após sobreviver a vários momentos difíceis, com inflação galopante, pacotes econômicos e várias trocas de moeda num passado não muito distante. 

5) Toda reorganização de uma empresa significa redução de postos de trabalho - MITO 

Nem sempre isso ocorre. É imprescindível conhecer com profundidade toda a operação, levantar o número de colaboradores alocados, bem como a sua remuneração direta e indireta. É essencial, num momento de transição, questionar a existência de departamentos, verificando se os produtos e serviços de sua competência não podem ser terceirizados em proveito da operação e até mesmo se algumas linhas devem ser descontinuadas. Jamais, porém, deve-se comprometer o andamento normal da operação, com a falsa impressão de que apenas reduzir o tamanho da folha de pagamento revolva o problema também em médio e longo prazos. 

6) O consultor financeiro é para a vida toda – MITO 

O trabalho de gestão deve diagnosticar o problema, traçar um plano de recuperação e indicar o caminho para a sua colocação em prática, sempre com a cooperação do empresário e de seus colaboradores. Mas a continuidade do trabalho depende dos gestores internos na execução de todos os ajustes apontados, ao invés da criação de uma nova estrutura externa, especialmente voltada a antever e prevenir as crises. 

7) Contratar um consultor financeiro custa caro – MITO 

Da mesma forma que uma consultoria neste campo não deve se pretender eterna, transformá-la em fator de oneração adicional seria um grande erro. Um dos diferenciais da Artur Lopes e Associados está justamente na realização de todo o trabalho de diagnóstico a título de investimento, com a remuneração posterior exclusivamente baseada no êxito. 

8) - Sair da crise representa sanar os problemas imediatos e voltar a faturar mais do que antes - MITO 

Nem sempre se traduz friamente em números a superação de uma crise. Em boa parte dos casos, atingir essa condição decorre de uma somatória entre se livrar das dívidas e ficar em paz, mesmo que depois do temporal o tamanho da organização diminua e ela seja obrigada a abrir mão de alguns negócios, nichos de atuação e até mesmo ativos patrimoniais. 

9) Empresas familiares são mais propensas a passar por uma crise empresarial - MITO 

Independentemente da natureza da organização, o que pesa são os níveis de seriedade e comprometimento dos seus gestores. Mas, quando uma companhia resolve se profissionalizar, deve fazê-lo sempre com executivos experimentados no mercado, e que estejam identificados com a história, valores e missão da empresa. Afinal, a grande vantagem da administração familiar em relação à profissional é que, mesmo em momentos de crise, existe a presunção de amor pela empresa e o nome por ela ostentado, frequentemente o da própria família. 

10) Um plano de reorganização deve, entre outras ações, propor um novo modelo de gestão - VERDADE 

É justamente a nova forma de gerir o negócio que consolida a sua recuperação. Não se pode considerar um trabalho do gênero concluído tendo em mente apenas o reequilíbrio do fluxo de caixa da empresa, mas sim a colocação em prática de uma série de condutas e procedimentos para impedir o recrudescimento do problema no futuro.

Fonte: http://www.pautas.incorporativa.com.br (10/01/2011)

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