A MMX Sudeste S.A., subsidiária da MMX Mineração e Metálicos, vai entrar hoje com pedido de recuperação judicial na Justiça de Minas Gerais. O advogado Sérgio Bermudes, que representa a mineradora de Eike Batista, justificou o pedido: "Foi uma decisão tomada para a preservação da empresa", disse Bermudes. No mercado, já se esperava que a MMX trilhasse esse caminho.
A MMX enfrenta uma série de dificuldades. Tem problemas de caixa, dívidas e restrições ambientais para executar seus projetos. Tudo isso em um ambiente hostil para o mercado de minério de ferro, segmento no qual a empresa atua, com queda nos preços da commodity. "A MMX chegou a esse estado em decorrência da conjuntura nacional e internacional", disse Bermudes. Em fevereiro, a MMX vendeu seu ativo mais valioso, o Porto Sudeste, para consórcio formado por Trafigura e Mubadala, de Abu Dhabi. A MMX manteve participação de 35% no porto, que ainda não entrou em operação.
A MMX Sudeste é uma subsidiária operacional, com minas na Serra Azul de Minas Gerais, controlada pela MMX Mineração e Metálicos, empresa listada na bolsa de valores. Bermudes cuidará da recuperação da MMX ao lado do Mattos Filho Advogados. Uma vez entregue o pedido, caberá ao juiz que for designado para o processo, aceitá-lo ou não. A partir do deferimento, a empresa terá 60 dias para apresentar um plano de recuperação judicial a ser aprovado pelos credores da companhia.
O pedido de recuperação judicial da MMX era aguardado desde agosto, quando tornou-se público que a empresa de Eike analisava seguir esse caminho. O pedido de proteção judicial tornou-se uma questão de tempo. "Era a melhor opção neste momento", disse uma pessoa próxima da empresa. Assim, a MMX segue os passos de outras empresas do grupo EBX, de Eike, caso da ex- OGX (atual OGPar) e da OSX. As duas empresas pediram recuperação judicial na Justiça do Rio de Janeiro. No caso da MMX, o pedido de recuperação judicial será feito em Belo Horizonte, onde está a sede da companhia.
Na avaliação de pessoas próximas da MMX, a recuperação judicial será o ambiente mais apropriado para a companhia renegociar com credores e com parceiros estratégicos. A MMX vinha tentando achar compradores para seus ativos minerais na Serra Azul, na grande Belo Horizonte, mas o processo não foi adiante. A MMX Sudeste enfrentou problemas ambientais para fazer expansões de suas minas. Em fevereiro, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) embargou a lavra na área da mina "Tico-tico", da MMX, em Serra Azul, por estar localizada em área próxima a cavidades de relevância ambiental.
Além do pedido de recuperação judicial, a MMX vem conduzindo um processo de enxugamento de pessoal. Até ontem, segundo informações do Sindicato Metabase de Brumadinho (MG), onde ficam parte das operações da companhia, cerca de 200 empregados da MMX já haviam sido demitidos. Esta semana a empresa confirmou que iria manter suspensas as atividades operacionais após o término do período de férias coletivas, que se encerrou em 9 de outubro. No fim de agosto, Carlos Gonzalez, executivo que presidiu a companhia no seu período mais difícil, renunciou ao cargo, sendo substituído por Ricardo Guimarães.