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Montadoras veem vendas no 'fundo do poço'

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Montadoras veem vendas no 'fundo do poço'

Por Eduardo Laguna

Após quatro anos seguidos de queda nas vendas, levando o mercado de automóveis a perder quase metade do tamanho que chegou a ter em seu auge, a percepção de que o setor finalmente alcançou o fundo do poço ganhou consenso na indústria de veículos.

Entre executivos de montadoras e fabricantes de autopeças, persiste, porém, a dúvida sobre o ponto de inflexão em que o consumo começará a reagir. Ou seja, está claro na visão da maioria das empresas que as vendas de carros estão no menor patamar possível, mas não se sabe por quanto tempo mais elas seguirão no atoleiro, antes de dar a partida na recuperação.

As expectativas mais otimistas - como a previsão anunciada pela Anfavea, entidade que representa as montadoras - apostam em sinais de reação até o fim deste ano. Porém, há entre as associadas da Anfavea projeções mais conservadoras que indicam um mercado estagnado até dezembro. A Toyota faz parte da turma que adota maior cautela e prefere projetar a retomada apenas em 2017.

Reunidos num seminário organizado pela Autodata, agência de notícias especializada em assuntos da indústria automobilística, representantes do setor manifestaram ontem otimismo com a troca de governo e confiança em sua capacidade de implementar as medidas de ajuste macroeconômico.

Ainda que as vendas de veículos não deem qualquer indício de melhora, os dirigentes veem na alta dos índices de confiança de empresários e investidores o primeiro sinal de melhora do ambiente econômico.

Além disso, a acomodação do ritmo diário de vendas a um ritmo ao redor de 8 mil veículos desde janeiro sugere que o mercado encontrou um piso, ou, numa visão mais pessimista, o "volume morto", como declarou Marco Borba, vice-presidente da montadora de caminhões Iveco.

Mas mesmo os mais otimistas concordam que, independentemente de quando se iniciar, o ciclo de recuperação será lento. Nas contas do Sindipeças, entidade que representa a indústria nacional de componentes automotivos, a produção das montadoras, após chegar em 2016 ao menor patamar em 12 anos, volta a subir no ano que vem, mas não mais do que 3%.

Executivos de montadoras como a fabricante de caminhões pesados Volvo - posicionada num dos segmentos mais afetados pelos efeitos da recessão econômica sobre o transporte de mercadorias - ponderam que não se pode esperar qualquer retomada antes da votação do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, no Senado.

"As coisas vão melhorar, mas temos que esperar mais um ou dois meses. É preciso ter muita calma nessa hora para não tomar nenhuma decisão prematura em ações comerciais ou estratégicas", afirmou o diretor de caminhões da Volvo, Bernardo Fedalto.

Depende do desfecho da crise política, mãe da crise de confiança que trava o consumo de carros, a recuperação das montadoras. E quando começarem a longa caminhada de retorno a um mercado que já chegou a ser um dos quatro maiores do mundo - hoje, é o sétimo -, a indústria deixará os escombros menor do que era antes do furacão representado pela recessão econômica.

Como reflexo dos cortes nas encomendas das montadoras, o Sindipeças informou ontem que o número de recuperações judiciais pedidas pela indústria de autopeças desde janeiro está perto de superar o total apurado nos doze meses de 2015.

Neste ano, 26 fabricantes de componentes automotivos recorreram à Justiça na tentativa de escapar da falência. Ainda antes de terminar o primeiro semestre, faltam apenas duas empresas para empatar com os 28 pedidos de recuperação judicial de 2015.

Durante sua apresentação no seminário da Autodata, Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças - e também do conselho de administração da fabricante de rodas automotivas e equipamentos ferroviários Iochpe-Maxion, levou estimativas que indicam um faturamento de R$ 63 bilhões dos fornecedores das montadoras neste ano, R$ 17,1 bilhões a menos do que em 2014, bem como um corte de 35,5 mil postos de trabalho em dois anos.

Com uma cadeia de suprimentos que se encontra "fragilizada", o presidente da Anfavea, Antonio Megale, defendeu medidas de estímulo aos fornecedores na renovação do regime automotivo, conhecido como Inovar-Auto. Para o principal porta-voz das montadoras, os fornecedores de componentes automotivos não tiveram incentivos suficientes na política industrial em curso, cujo prazo vence no fim do ano que vem.

"O que poderia ter sido feito melhor e precisa ser trabalhado [no Inovar-Auto] é como fortalecer a cadeia de autopeças, que está bastante fragilizada", disse Megale.

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