Principal negociador de Nelson Tanure no esforço para costurar apoios que garantam ao empresário o controle da Oi, o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa esteve na semana passada em Lisboa para conversar com bancos portugueses que detém participação na Pharol (maior acionista individual da Oi, por meio da subsidiária Bratel BV). O objetivo - segundo fonte próxima Tanure - é tentar ampliar a participação acionária do empresário na operadora. Costa já esteve também em Nova York para conversar com detentores de bônus da Oi.
Acompanhado de Nelson de Queiroz Tanure (filho do empresário) e de um executivo financeiro, Costa procurou na capital portuguesa representantes do Novo Banco e do Banco Comercial Português, instituições que detêm - respectivamente - 9,56% e 6,17% do capital da Pharol. A Pharol (ex-Portugal Telecom), por sua vez, é dona de uma participação de 22,24% na Oi. As conversas com ambas as instituições financeiras são parte da estratégia de Tanure para aumentar sua fatia na tele e, com isso, tentar mudar a composição do conselho de administração da Oi, tirando integrantes que - de acordo com advogados do empresário - são ligados à Pharol. A Oi optou por não comentar o assunto e a Pharol não se pronunciou a respeito do tema.
Já as conversas com os detentores de bônus da Oi em Nova York têm o objetivo de garantir o apoio a um plano de reestruturação que seria uma alternativa ao que será apresentado pela própria operadora, em recuperação judicial. A elaboração do plano "patrocinado" por Tanure ficaria a cargo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) - a reunião mais recente entre as partes ocorreu na quarta-feira. Este mês o fundo Société Mondiale, ligado a Tanure, publicou dois editais de convocação de assembleias gerais de acionistas para 8 de setembro. A pauta de uma das assembleias inclui a troca de membros do conselho de administração da tele. Costa é um dos nomes que Tanure indicaria para um novo conselho.
Na prática, a disputa entre acionistas não paralisou o cronograma de lançamentos da Oi, que na semana passada liberou o uso gratuito de sua rede wi-fi por clientes de todas as operadoras, dentro de um projeto piloto. A liberação é parte da estratégia de "mobile marketing" da tele: para acessar a rede wi-fi da Oi os interessados deverão baixar um aplicativo, seguir o passo-a-passo e aceitar os termos de uso e publicidade. Sempre que o usuário de outra operadora estiver conectado à rede da Oi, um anúncio publicitário será mostrado na tela do smartphone e permanecerá visível enquanto o serviço estiver em uso. A empresa tem mais de 2 milhões de pontos de wi-fi no país. Interessados também podem comprar o acesso para navegar sem publicidade.