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Nextel vai ampliar investimentos em 2015

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Fazer parte de um grupo que está em recuperação judicial no Tribunal de Falências de Nova York não parece dar esperança de um futuro promissor às suas subsidiárias internacionais. Mas não é assim que pensa o presidente da Nextel Brasil, o indiano Gokul Hemmady. O executivo se mostra bem animado pelo fato de a controladora americana NII Holdings e 12 de suas subsidiárias sediadas em Luxemburgo terem conseguido renegociar a dívida de US$ 4,35 bilhões da empresa com seus principais credores - The Capital Research Group e Aurelius Capital -, em 24 de novembro, de um total de quase US$ 6 bilhões. Com o fim do pagamento do serviço da dívida, a holding ganha liquidez e poderá injetar recursos no Brasil.

Ao menos é essa a aposta de Hemmady. Os investimentos no Brasil somaram R$ 500 milhões neste ano. Do total, 85% em infraestrutura de rede e o restante em distribuição e sistemas. Para 2015, o valor deve crescer de 50% a 70%, para até R$ 850 milhões.

O executivo explica que o acordo com os credores trará US$ 500 milhões em capital novo para a empresa. Os grupos Capital Research e Aurelius deram garantia de que vão subscrever os novos bônus da companhia. Outros acionistas também podem subscrever, diz George Dolce, vice-presidente de marketing da Nextel. Esse valor, somado aos US$ 800 milhões que a subsidiária tem em caixa, renderão US$ 1,3 bilhão à empresa.

"É um grande passo, porque teremos mais liquidez para investir no negócio", diz Hemmady. "Estamos seguindo na direção certa, muito próximos de uma aprovação final [no Tribunal dos EUA]."

Da dívida total de US$ 6 bilhões, Brasil e México respondem juntos por US$ 1,7 bilhão. O débito, de longo prazo, está com o pagamento em dia, segundo o executivo. Mesmo assim, as duas subsidiárias foram arrastadas para o imbróglio financeiro da holding e tinham de ajudar financeiramente o grupo. Agora, livres desse encargo, suas responsabilidades serão somente com os próprios credores: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco de Desenvolvimento da China e American Tower.

Essas empresas continuarão a ser apenas credores da Nextel, ao contrário do Capital Research e Aurelius, que negociaram ações em troca da dívida e se tornarão sócios. Desse modo, passarão a ser donos também da Nextel. Durante a reestruturação da dívida, os dois credores informaram que se surgir oportunidade de vender a subsidiária brasileira, começarão a conversar só a partir do valor mínimo de US$ 5 bilhões.

Mas Hemmady olha a subsidiária por outro ângulo. Afirma que a recuperação judicial não afetará o Brasil: "Mantemos nosso compromisso com os funcionários, bancos, fornecedores e reguladores." Confirmou que a NII continua procurando opções para a Argentina [está sendo negociada com o grupo Fucata, entre outros], mas centraliza o foco no Brasil e México.

No terceiro trimestre, a NII teve prejuízo líquido de US$ 443,4 milhões, com receita de US$ 926,7 milhões. Houve perda líquida de 40 mil assinantes no México, em parte compensada pelas adições no Brasil. A tele registrou 9,1 milhões de clientes, 5% a menos que em 2013. No Brasil, são 3 milhões de usuários de rádio, (tecnologia iDEN), 1,6 milhão de 3G (Rio e São Paulo) e 138 mil de 4G (Rio).

O Brasil manteve a maior receita para o grupo, de US$ 476 milhões. A receita média por usuário (Arpu, em inglês) também diminuiu de US$ 35 para US$ 30. Mas Hemmady está otimista. Diz que o Arpu está evoluindo entre os novos clientes. Toda a base é pós-paga e cresceu 10% no ano, sendo 60% usuários 3G que contam agora com o plano de 400 minutos e 4 gigabytes de internet, por R$ 129,99.

Hemmady reconhece que no processo de concentração local, a Nextel pode se tornar alvo de aquisição. Porém, ele espera que haja tempo para a empresa desenvolver seu projeto de expansão e ganhar mais valor. Se vier uma oferta antes disso, levará ao conselho da NII. "Se aparecer um preço fantástico pelo ativo, terá de ser considerado o que é melhor para os acionistas. Felizmente, não é uma decisão que terei de tomar", brincou.

Mas pessoas que acompanham a consolidação opinam que a Nextel poderá desaparecer em poucos anos, absorvida por concorrentes, principalmente a Telefônica.

A subsidiária espanhola está digerindo a GVT, pode participar de uma oferta em bloco com Oi e Claro pela TIM e, desde janeiro, aluga sua rede 2G e 3G para a Nextel, a US$ 1,038 bilhão por cinco anos. Outra possibilidade é a Telefônica incluir no pacote a Nextel México, uma oportunidade para crescer na terra do rival Carlos Slim, dono da América Móvil, que integra Claro, Net e Embratel.

Por enquanto, o presidente da Nextel diz que mesmo que passe a competir em um mercado consolidado, com rivais mais fortes, poderá tirar vantagem da situação. O argumento é que por ser menor e mais ágil poderá redirecionar rapidamente sua estratégia e focar só nos negócios, enquanto os concorrentes gastam energia em integração de empresas.

Autor(a)
Ivone Santana

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