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OAS se torna alvo de investigação no Equador

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A OAS pode se juntar à Odebrecht no grupo de construtoras com problemas no mercado externo por conta de desdobramentos das investigações da Operação Lava-Jato. Ontem, o congressista equatoriano Christian Humberto Viteri López pediu ao juiz federal Sergio Moro acesso à integra da delação premiada do advogado Roberto Trombeta, que menciona operações financeiras supostamente ilegais feitas pela empresa no Equador e no Peru.

Segundo a delação de Trombeta, ele teria sido procurado pela empreiteira OAS por intermédio de sua empresa Hedge Consultoria e apresentado a dois consultores uruguaios da BGL Asesores Legales e Fiscales, Fernando Belhote e Marcelo Chakiyan.

Conforme o relato de Trombeta, os consultores, "juntamente com profissionais da OAS, apresentaram algumas estruturas de trabalho para fins de retirar recursos das subsidiárias da OAS no Peru e Equador".

Trombeta esclareceu na delação que foi contratado para assumir o controle acionário de uma sociedade panamenha denominada Kingsfield Consulting Corp., que foi usada "como canal de recebimento de valores decorrentes do trabalho efetuado no Chile e na Espanha envolvendo as subsidiárias da OAS no Peru e Equador".

Ele contou que no trabalho para a OAS Equador, a Kingsfield contratou serviços fictícios de engenharia consultiva de empresa com sede na Espanha, a sociedade DSC Workshop Obras Construcciones e Promociones SL., e que o valor contratado foi de cerca de US$ 9,1 milhões, pagos em conta da sociedade espanhola e posteriormente transferidos para sociedades holandesas, até chegarem à conta da Kingsfield no BPA de Andorra, que recebeu um total de US$ 8,6 milhões.

Trombeta também esclareceu que, na operação realizada para a OAS Peru, a Kingsfield contratou serviços fictícios de consultoria técnica de empresa sediada no Chile, a Constructora Andreu Limitada, pelo valor de US$ 6,15 milhões que foram pagos em conta dessa sociedade chilena.

O advogado narrou ainda que, depois, a empresa também transferiu os recursos para a DSC Workshop Obras Construcciones e Promociones SL., que recebeu US$ 5,996 milhões, de acordo com a versão do delator.

O total de valores envolvidos na operação ainda transitaram por contas de empresas holandesas até chegar à conta da Kingsfield Consulting Corp. no banco BPA, em Andorra, que recebeu US$ 5,7 milhões, segundo Trombeta.

Roberto Trombeta foi apanhado pela Lava-Jato por estruturar operações financeiras apontadas como expedientes para simular a origem ilícita de valores, que teriam como objetivo a lavagem de dinheiro de origem criminosa.

Em recuperação judicial desde 2015, a OAS negocia há meses um acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPF). Seus sócios e alguns executivos também iniciaram negociações em busca de um acordo de delação premiada na Lava-Jato.

A área internacional é justamente o foco da expansão da empresa, diante de um mercado de construção pesada enfraquecido no Brasil. Em um processo de mudança na gestão, a OAS deixou apenas uma diretoria voltada para Brasil e outras duas para o mercado externo, uma a cargo de América e outra de África. Na América Latina, a presença mais forte da OAS se concentra na América Central e Cone Sul, especialmente Peru e Colômbia. Atualmente, a empresa não conta com novos negócios no Equador.

A Odebrecht passou a ter dificuldades em países como Peru, Colômia e Equador depois de ter firmado acordo com Brasil, Estados Unidos e Suíça, que expôs as práticas irregulares da empresa nesses países. O presidente do Peru chegou a dizer que não toleraria mais a empresa no país. Procurada, a OAS não se manifestou.

Autor(a)
André Guilherme Vieira e Victória Mantoan

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