Os grupos de detentores de títulos encabeçados pelo banco de investimento Moelis e pela consultoria G5 Evercore estiveram reunidos na semana passada com representantes da Oi para discutir possíveis desenhos para a operação de aumento de capital que está sendo costurada pela tele, informou uma fonte familiarizada com as negociações.
De acordo com essa fonte, ambos os grupos têm "bondholders" interessados em participar de uma futura capitalização - tudo dependeria das condições estabelecidas para a operação. O valor do aumento de capital - R$ 8 bilhões - já foi chancelado por dois dos principais acionistas da Oi (Pharol e Société Mondiale), embora ainda não tenha sido aprovado formalmente pelo conselho de administração. Procurados para comentar o assunto, Moelis e G5 Evercore não se manifestaram.
Segundo a fonte, o dinheiro não seria destinado à amortização de dívidas, e sim a investimentos, especialmente na expansão da rede de fibra ótica até domicílios e no aumento da cobertura móvel. "Acionistas e 'bondholders' têm dinheiro [para investir]. A questão principal está nas condições para o aumento de capital", resumiu a fonte. A capitalização seria feita ao longo de três anos, acrescentou a fonte, com uma injeção de R$ 2 bilhões ainda este ano, logo após a (possível) aprovação do plano de recuperação judicial da operadora. Embora haja investidores interessados em injetar dinheiro na companhia, ainda há questões-chave em aberto - como os R$ 11 bilhões em multas regulatórias devidos pela Oi - que estimulam a cautela do mercado.
Na quinta-feira, o juiz à frente do processo de recuperação judicial da Oi - Fernando Viana, da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro - determinou a convocação de uma assembleia geral de credores da Oi. Na prática, a decisão significa que o administrador judicial da operadora - o escritório Wald & Associados Advogados - terá de apresentar ao juiz sugestão de data e local para a reunião.
Mais de 55 mil credores fazem parte do processo de recuperação judicial da operadora. Uma das últimas pendências a serem resolvidas antes da marcação da assembleia de credores é a publicação do edital dos "bondholders". O edital trará informações sobre os documentos necessários para os detentores de títulos que quiserem individualizar sua participação na assembleia. Os que não fizerem esta opção serão representados por "trustees" (neste caso específico, Citicorp e BNY Mellon). Embora não haja uma previsão oficial, a expectativa é de que a assembleia ocorra em setembro.