Operadora abriu conversas para aumentar a fatia de ações a ser entregue aos detentores dos títulos, segundo fontes
Nas conversas que vem mantendo com seus "bondholders", a Oi ofereceu uma melhor condição de troca de dívida e também negocia entregar uma fatia de capital maior da empresa a esses credores, além de um aumento de capital da ordem de R$ 8 bilhões.
A última proposta aprovada pelo conselho da companhia e que sofreu forte oposição dos credores previa que os detentores de R$ 32 bilhões em títulos externos da empresa receberiam 25% do seu capital e mais R$ 6,7 bilhões em novos bônus. Desses novos bônus, R$ 2,8 bilhões seriam títulos simples, com cupom de 6% ao ano, e o restante seria conversível em ações, também com taxa de 6%. Essa taxa foi considerada baixíssima, pois a avaliação dos credores é que o custo de captação da empresa é bastante superior a isso e que, portanto, tal taxa impunha uma perda adicional aos credores.
O Valor apurou que nas conversas que tem mantido com o objetivo de apresentar um novo plano de recuperação judicial, a companhia ofereceu aos detentores de bônus externos os mesmos R$ 6,7 bilhões em novos títulos, porém com cupom entre 9% e 10%. Todos os papéis seriam dívida pura, sem cláusula de conversão em ações. Só essa alteração de condições poderia dar um ganho de R$ 2 bilhões a esses credores na troca.
A companhia também abriu conversas para melhorar a fatia de ações a ser entregue, mas as negociações demoram em avançar. Na administração da Oi, a leitura é que uma fatia entre 40% e 50% do capital seria adequada, mas os credores ainda querem uma participação bem superior para dar o seu aval ao plano.
De acordo com uma pessoa a par das conversas, o diálogo tem avançado mais com o grupo de "bondholders" representado pela Moelis, enquanto que o grupo assessorado pela G5 Evercore, que inclui o fundo Aurelius, oferece resistência.
A proposta em discussão contempla ainda um aumento de capital da ordem de R$ 8 bilhões, porém fatiado em anos, do qual participariam apenas os acionistas da empresa, sem entrada de novos investidores num primeiro momento. Segundo o Valor apurou, a ideia é que cerca de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões fossem integralizados tão logo o plano de recuperação fosse aprovado pela assembleia de credores e uma segunda etapa de aumento de capital fosse executada na medida da necessidade de investimentos da companhia.
O aumento de capital é uma pré-condição imposta pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para aprovar o plano. A instituição quer assegurar que a Oi se tornará mais robusta e recuperará sua capacidade de investimentos.
Ao empresário Nelson Tanure interessa que o aumento de capital seja o menor possível, para que ele tenha condições de participar da operação sem ser diluído. Ainda assim, Tanure deve tentar trazer dinheiro de investidores para integralizar a sua fatia de um eventual aumento de capital. O fundo Discovery, alinhado ao empresário, poderia entrar com esses recursos. Também para evitar sua diluição, o empresário prefere não entregar ações da Oi aos credores em troca da dívida. Mas, na leitura de uma pessoa próxima das negociações, existe espaço para que o empresário aceite elevar a fatia a ser entregue aos "bondholders".