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Oi paga R$ 1,9 bi de plano de recuperação

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Eurico Teles disse que vai ver o melhor momento para analisar a venda de ativos.

A Oi vai desembolsar ao longo do ano R$ 1,9 bilhão para cumprir obrigações assumidas em seu plano de recuperação judicial, aprovado no fim de 2017. Só no próximo mês, a companhia vai quitar R$ 745 milhões referentes ao primeiro cupom (pagamento) dos bônus emitidos no ano passado como parte da reestruturação da dívida da companhia. Para fevereiro, está previsto o pagamento da primeira parcela devida aos fornecedores, no valor de R$ 471 milhões.

A capitalização concluída na semana passada - no valor de R$ 4 bilhões - deu fôlego financeiro à companhia. A injeção de dinheiro elevou para um patamar em torno de R$ 8 bilhões o caixa da Oi. Parte dos recursos provenientes do aumento de capital vai bancar investimentos de R$ 7 bilhões previstos para 2019. O montante é 16,6% superior ao total de aproximadamente R$ 6 bilhões investido no ano passado - o número oficial ainda não foi divulgado.

Os recursos serão destinados prioritariamente à expansão da rede de fibra óptica e da cobertura de 4,5G, tecnologia móvel de dados que oferece velocidades superiores a 4G. A meta da companhia é quadruplicar até o fim do ano o número de clientes aptos a receber a fibra até o seu domicílio (FTTH, na sigla em inglês). Caso a projeção se confirme, o total de lares com capacidade para serem conectados à rede FTTH passaria dos atuais 1 milhão para 4 milhões até o término de 2019.

"Os resultados financeiros vão ser mais de médio e longo prazo", disse ao Valor o diretor de finanças e relações com investidores da Oi, Carlos Augusto Brandão. "Este ano, o que você vai enxergar muito claramente é o aumento do capex [sigla em inglês para despesas de capital, investimentos]."

Na visão do executivo, essa é apenas a etapa inicial de uma virada financeira projetada para acontecer no médio e longo prazo. "Estamos plantando essa semente para que a gente consiga, a partir desse investimento, voltar a ser competitivo no mercado, nas praças que nós selecionamos, e daí capturar os clientes e trazer a receita", argumentou.

Ao longo do ano passado, a companhia viu seu caixa encolher de R$ 6,22 bilhões em março, para R$ 5,16 bilhões ao fim do terceiro trimestre, de acordo com os últimos resultados financeiros disponíveis. A retração no caixa é resultado da expansão nos investimentos, de desembolsos relacionados à recuperação judicial e de pagamentos de Imposto de Renda. Entre o terceiro trimestre de 2017 e igual período de 2018, a receita líquida total caiu 8,1%, enquanto a base de clientes recuou 6,5%.

A aprovação do plano de recuperação da Oi por credores, em dezembro de 2017, fez a dívida da companhia cair de R$ 64,29 bilhões, para R$ 18,84 bilhões. Parte da dívida da Oi foi convertida em ações, numa operação finalizada em julho de 2018. Outra parcela foi trocada por novos títulos (bonds), no valor total de R$ 4,94 bilhões. É o primeiro cupom (valor pago periodicamente atrelado ao título) desses papéis que será amortizado em fevereiro. Outra parcela de R$ 380 milhões está prevista para ser paga ainda em 2019.

Como resultado da capitalização de R$ 4 bilhões, encerrada na semana passada, a Pharol (ex-Portugal Telecom) perdeu força em relação a outros acionistas dentro da Oi. "Ela não exerceu a totalidade dos seus direitos de subscrição. Ela exerceu parcialmente e então foi diluída", explicou Brandão.

Maior acionista da Oi até julho do ano passado, a Pharol já havia sofrido diluição no processo de conversão de dívida em ações. No dia 10 de janeiro, detinha 7,85% do capital social da Oi. Em comunicado ao mercado, divulgado anteontem, a antiga Portugal Telecom informou que passará a deter 5,51% da Oi como resultado da subscrição de novas ações e, também, de um acordo que pôs fim à disputa judicial e arbitral com a operadora.

A gestora de fundos GoldenTree Asset Management continua a ser o maior acionista da Oi após o aumento de capital. Já a Pharol, que até a semana passada era a terceira maior acionista da Oi, caiu para a quinta posição. A fatia exata dos maiores acionistas da operadora ainda não está disponível, mas - em ordem decrescente de participações - hoje, os cinco maiores são: GoldenTree Asset Management, York Global Finance Fund, Solus Alternative Asset Management, Brookfield Asset Management e Pharol. Desses acionistas, três têm fatia superior a 10%.

O diretor-presidente da Oi, Eurico Teles, afirmou ao Valor que a venda de ativos não está entre as prioridades imediatas da companhia. "Como a Oi está muito robusta em caixa, nossa preocupação é enxergar o melhor momento e a melhor forma de trabalhar esses ativos junto com os consultores contratados. Não estamos preocupados, nesse momento, em vender qualquer tipo de ativo para fazer caixa, estamos analisando o que nós temos", afirmou ele.

Para Teles, a execução de dois pontos-chave do plano de recuperação - a conversão de dívida em ações e a capitalização - torna a companhia mais atraente. "A noiva é hoje muito mais bonita que no passado, [mas] ela não está preparada para casar", disse.

Em janeiro, a Oi pagou a última de cinco parcelas de uma dívida trabalhista que totalizava R$ 178 milhões. O valor se refere a rescisões contratuais e outros direitos trabalhistas. Dentro da categoria de credores trabalhistas, restam ainda R$ 699 milhões em pendências com o fundo de pensão da companhia. O montante principal dessa dívida só começará a ser quitado ao fim de um prazo de carência de cinco anos, a contar da homologação do plano de recuperação judicial, ocorrida em fevereiro de 2018.

Mesmo focada em ampliar sua cobertura móvel, a Oi não participaria necessariamente de um possível leilão da faixa de 700 MHz, utilizada no país para prestação de serviços de telefonia móvel em 4G.

"Se houver uma nova modelagem da oferta, temos todo o interesse e apetite para entrar. Se for nos mesmos padrões, o que me parece provável, porque os demais competidores certamente vão questionar uma mudança, vamos rodar [recalcular] os números novamente. Mas a minha sensibilidade é que vai continuar sem parar de pé [financeiramente]", disse Brandão.

O executivo se refere aos preços cobrados pelas frequências nos leilões, que a empresa considera elevados. A Oi foi a única das quatro principais operadoras móveis do país a não participar do leilão de 700 MHz, realizado em setembro de 2014.

 

30/01/2019

Autor(a)
Por Rodrigo Carro

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