A gestora de recursos Opus entrou na disputa para gerenciar os ativos do Banco Santos, em uma tentativa de dar fim ao processo de falência da instituição, que já dura uma década.
O Credit Suisse e o Banco Paulista também apresentaram propostas, que devem ser analisadas em uma assembleia de credores, cuja data ainda não foi definida. O passivo do Santos é estimado em R$ 2,2 bilhões.
Assim como nos modelos já propostos, a Opus pretende oferecer aos credores cotas de um condomínio ou de um fundo de recebíveis (FIDC) em troca da dívida que detêm contra o Santos. A principal diferença é que no modelo da Opus não haverá o chamado "cram down", ou seja, a adesão não será obrigatória, ainda que mais de dois terços dos 2.180 credores da instituição financeira aprovem a proposta.
"Existem credores, como o Fisco municipal, que são impedidos de ter cotas de fundos ou de participar de condomínios", afirma Vitor Hugo Roquete, sócio da Opus, gestora formada por ex-executivos do Banco Pactual e que possui um total de R$ 2 bilhões sob administração. Os participantes que não aderirem à proposta permanecerão na massa falida, que ficará com os imóveis e as obras de arte do Santos, avaliados em R$ 220 milhões.
Para a Opus, o modelo facilita o encerramento da falência do banco. "Sem os ativos de crédito, a massa falida poderia ser liquidada após o leilão dos imóveis e obras de arte", afirma Roquete. A gestora estima que esse processo levaria por volta de 18 meses.
Os credores que aceitarem a proposta da gestora receberão cotas de um fundo ou de um condomínio formado principalmente pela carteira de crédito do banco. Os empréstimos possuem valor contábil de R$ 3,2 bilhões, mas apenas uma fração desse valor deve ser recuperado.
Além da carteira de crédito e dos imóveis e obras de arte, a massa falida possui uma série de ações judiciais que podem render até R$ 738 milhões. Pela proposta, os direitos sobre essas ações seriam cedidos prioritariamente aos credores que permanecerem na massa falida. As ações remanescentes podem ficar com o fundo ou condomínio sob gestão da Opus.
Uma solução semelhante foi colocada para o caixa de R$ 175 milhões do Santos. Após o pagamento dos credores preferenciais, a massa falida ficaria com 30% dos recursos e a verba remanescente iria para o fundo.
A Opus também tentará conquistar a preferência dos credores do Santos no bolso. A gestora propõe cobrar pela administração dos ativos R$ 200 mil nos primeiros seis meses e R$ 150 mil nos seguintes, mais uma taxa de performance de 6% sobre o valor recuperado. Os valores são inferiores aos propostos por Credit Suisse e Banco Paulista.
A adoção de um modelo alternativo para dar fim à falência do Banco Santos é discutida há quase dois anos. Caso seja bem sucedida, a operação pode se tornar uma referência para processos semelhantes. Quanto mais cedo o processo de falência da instituição for encerrado, melhor para os atuais credores do banco, segundo Roquete.
O Santos possui hoje um total de R$ 2 bilhões em passivos potenciais, de processos judiciais que correm contra a massa falida, de acordo com o executivo da Opus. "Os atuais credores podem ser diluídos dependendo do resultado dessas ações", diz.