Construtora - que chegou a liderar o mercado imobiliário nacional - acumula uma dívida de R$ 6,2 bi e busca equalizar seus passivos com bancos, fornecedores, trabalhadores e clientes
A incorporadora PDG Realty apresentou em juízo, no fim da noite desta terça-feira, 6, o conjunto de 38 planos de recuperação judicial com o objetivo de equalizar seus passivos com bancos, fornecedores, trabalhadores e clientes, segundo informou a companhia por meio de comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O pedido de recuperação foi feito em 23 de fevereiro e envolve dívidas de R$ 6,2 bilhões que serão renegociadas sob o acompanhamento da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo.
Crise nacional provocou distratos e queda nas vendas de imóveis, situação que esvaiu o caixa da empresa.
A proposta da PDG é composta por um plano principal, que abrange débitos da holding e de centenas de empreendimentos imobiliários representados por Sociedades de Propósito Específico (SPEs). A incorporadora ainda apresentou 37 planos individuais para as sociedades que têm instituído o patrimônio de afetação, instrumento jurídico que garante o tratamento separado do conjunto de bens e dívidas daquele empreendimento, evitando que sejam usados para outros fins, como pagar empréstimos da holding, por exemplo.
No plano principal, também está inclusa a parcela concursal das emissões de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) da securitizadora lastreadas em créditos cujos devedores principais sejam sociedades integrantes do grupo e que representam, aproximadamente, 94% do valor total dos CRIs emitidos pela securitizadora. O plano único também prevê a reestruturação das obrigações do grupo decorrentes de garantias outorgadas no âmbito de emissões de CRIs da securitizadora que possuam como devedores principais adquirentes de unidades imobiliárias não integrantes do grupo.
"Os planos apresentam os meios de recuperação pelos quais o Grupo PDG acredita que será possível equacionar o atual descompasso de fluxo de caixa, manter a normalidade operacional e continuar obras paradas de determinados empreendimentos imobiliários, objetivando a superação da atual crise econômico-financeira enfrentada pelas companhias e suas controladas", afirmou a PDG, no comunicado. "Entre esses meios de recuperação estão o redimensionamento dos negócios do Grupo PDG, a reestruturação das dívidas sujeitas à Recuperação Judicial e a captação de novos recursos", completou.
A PDG explicou que dará continuidade às conversas com credores para apresentação, discussão e coleta de sugestões relativas aos planos. Segundo a incorporadora, as propostas serão debatidas e, possivelmente, aperfeiçoadas até a realização de assembleia geral de credores, que ainda será convocada.
A PDG chegou a liderar o mercado imobiliário nacional, com mais lançamentos do que a Cyrela, em 2010. Nesse época, seu valor em bolsa ultrapassou R$ 14 bilhões, mas hoje está cotada em cerca de R$ 100 milhões, devido a uma série de prejuízos pelo crescimento desorganizado das operações.
Nos últimos anos, a crise nacional provocou distratos e queda nas vendas de imóveis, situação que esvaiu o caixa e dificultou a conclusão das obras. No fim de março, a companhia tinha 21 canteiros, dos quais 17 estavam parados. Em novembro passado, a PDG decidiu contratar especialistas em reestruturação de empresas. Entraram a RK Partners, de Ricardo Knoepfelmacher, e o escritório do advogado Eduardo Munhoz.
07/06/2017