Afetadas pela recessão e pela Operação Lava Jato, o número de empresas que pediram recuperação judicial até agora em 2015 é o maior em dez anos. De janeiro a outubro, 977 companhias da indústria, do comércio e do setor de serviços entraram na Justiça com solicitação de recuperação judicial no País. É um número 41,3% maior em relação ao mesmo período de 2014, segundo a Serasa Experian.
O avanço nos pedidos de recuperação judicial foi puxado especialmente pelas empresas do setor de serviços, com crescimento de quase 70% nas mesmas bases de comparação. Nesse segmento estão as construtoras, que tiveram as atividades paralisadas por causa da Operação Lava Jato, que investiga casos de corrupção na Petrobrás.
Desde 2006, o primeiro ano em vigor da nova Lei de Falências que instituiu a recuperação judicial no lugar da concordata, não havia registro de uma quantidade tão grande de empresas nessa situação, observa o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, responsável pelo levantamento. O recorde anterior tinha sido em 2013, quando 747 empresas usaram esse instrumento para renegociar débitos e evitar falência.
“O resultado é recorde e o crescimento de 40% no total de pedidos preocupa”, afirma Rabi. Ele diz que um avanço desse tamanho não é explicado só pelo crescimento natural que há quando entra em vigor um novo instrumento jurídico e mais empresas passam a usá-lo.
Na avaliação de Rabi, três fatores agindo conjuntamente provocaram o aperto nas finanças das empresas. O primeiro fator é a recessão, que derrubou as vendas das companhias.
O segundo fator é a taxa de juros elevada, que encarece o custo dos financiamentos para as pessoas jurídicas e também para o consumidor. O terceiro fator apontado pelo economista foi a disparada do câmbio. “Como a economia brasileira é fechada e mais importadora do que exportadora, quando o dólar sobe, os custos das empresas são sofrem impacto.”
Tamanho
Um dado que chamou atenção nos pedidos de recuperação judicial neste ano foi o aumento explosivo do número de empresas de grande porte, de 68% de janeiro a outubro deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Enquanto isso, os pedidos de recuperação judicial de empresas pequenas e médias avançaram 31% e 47%, respectivamente. O economista acredita que o crescimento significativo nos pedidos de empresas de grande porte seja um reflexo da crise no setor de construção civil pesada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.