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Peixoto de Castro pede proteção

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A holding que detém ativos industriais da família Peixoto de Castro, uma das mais tradicionais da sociedade carioca, ingressou com pedido de recuperação judicial na comarca do Rio de Janeiro. O objetivo do Grupo Peixoto de Castro Participações (GPCPar), holding controlada por herdeiros da família, é proteger o valor dos ativos próprios e de suas controladas. O pleito à Justiça inclui ainda duas empresas controladas pela holding: a Apolo Tubos e a GPC Química. A medida busca também organizar um processo de venda de ativos não operacionais para fazer frente ao endividamento do grupo, sobretudo o de curto prazo.

Ainda não está claro qual o valor da dívida a ser incluída na recuperação judicial. A GPCPar terminou 2012 com dívida consolidada de R$ 248 milhões, sendo parte dela com vencimento de até um ano. O valor inclui débitos de empresas nas quais a GPCPar tem participação, mas que não fazem parte do pedido de recuperação judicial. A Apolo Tubulars, sociedade do grupo com a US Steel, e a Metanor / Copenor, parceria da holding com a Petrobras, estão fora do processo, que corre em segredo de Justiça. A holding não fala sobre o tema.

O pedido de recuperação ainda não foi aprovado pelo juiz e, quando isso ocorrer, será preciso apresentar um plano detalhado de recuperação que terá de ser referendado por uma assembleia de credores. Entre os credores da GPCPar, há bancos de primeira linha que têm empréstimos às empresas do grupo. A decisão de pedir a recuperação judicial foi comunicada pela companhia em fato relevante ao mercado no início da noite de segunda-feira.

Ontem a BM&FBovespa resolveu suspender os negócios com as ações da empresa, listada com o código GPCP3. O Valor apurou que a companhia iria solicitar ontem mesmo a retomada imediata dos negócios. Também ontem acionistas procuraram a companhia para conhecer os efeitos da medida judicial. A GPC Química e a Apolo Tubos continuarão a operar normalmente.

A GPCPar tem cerca de dois mil acionistas os quais são detentores de ações ordinárias. O valor da ação situa-se em R$ 0,09. Já o bloco de controle da companhia tem 35 integrantes, todos ligados à família, sendo que dez deles, com posições acionárias mais relevantes, são herdeiros diretos do fundador do grupo - Antônio Joaquim Peixoto de Castro Junior. A GPCPar foi criada em 1997 como companhia de capital aberto e passou a reunir os ativos industriais da família Peixoto de Castro antes detidos pela Refinaria de Manguinhos.

Em 1997, os Peixoto de Castro venderam 50% de Manguinhos aos espanhóis da então YPF/Repsol. Manguinhos funcionava, além de refinaria, como uma holding que reunia os ativos industriais dos Peixoto de Castro (anos depois a família vendeu o restante de Manguinhos com a qual o grupo já não tem nenhuma relação). A GPCPar concentrou-se na produção de tubos de aço para construção civil e óleo e gás e na petroquímica tornou-se grande produtora de resinas para a indústria madeireira. A GPC Química produz metanol, insumo usado na produção de resinas.

Até a crise de 2008 as empresas do grupo realizaram investimentos importantes que não tiveram o retorno esperado. Um deles, feito pela GPC Química, em uma unidade de produção de dimetil éter (usado na produção de aerosóis) exigiu investimentos de cerca de R$ 40 milhões. Quando eclodiu a crise financeira, em setembro de 2008, o grupo vinha tentando alongar o perfil de sua dívida com os bancos. As discussões pararam e foram retomadas mais tarde em piores condições. O GPC ficou com uma estrutura de capital inadequada e houve uma deterioração das condições operacionais das empresas controladas. Desde então, o grupo implementou programa de redução de custos e fez um aumento de capital de R$ 60 milhões.

Com a recuperação judicial, espera implementar um programa de venda de ativos não operacionais. O grupo dispõe de terrenos no Rio de Janeiro e em Gravataí (RS) avaliados em R$ 230 milhões. A ideia é ter tempo para organizar essa venda e fazer caixa para pagar as dívidas.

Autor(a)
Francisco Góes

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