A transportadora Dalçoquio entregou no final da tarde de sexta-feira à Justiça o plano de recuperação judicial. O documento formaliza a proposta de pagamento de R$ 130 milhões em dívidas aos credores, com dois anos de carência.
Entre outras medidas, o plano apresentado autoriza a Dalçoquio a vender planta industrial, terrenos, imóveis, maquinário e a repassar contratos para recuperar a saúde financeira. Também permite reorganizações societárias como fusões, incorporações e transferência de bens, e permite que a empresa contrate novos financiamentos.
Para as dívidas trabalhistas, é proposto parcelamento de 12 vezes _ com exceção dos que tiverem sido contraídos de junho em diante (três meses antes do início do processo de recuperação) e que tenham valor de até cinco salários mínimos. Esses, serão pagos 30 dias após a homologação do plano de recuperação.
Para os demais débitos sujeitos à recuperação, a empresa pede desconto de 60% sobre o valor original da dívida, sem contar os juros. O pagamento é proposto para começar dois anos depois da homologação, com prazo de quitação em 15 a 17 anos, dependendo do credor.
O plano de recuperação ainda terá que ser apresentado em uma assembleia de credores, sem data marcada. Se não for aceito, caberá à empresa reformular as cláusulas e a Justiça convocará novas assembleias.
A Dalçoquio é uma das empresas mais tradicionais de Santa Catarina, fundada em 1968. Vendida no ano passado pela família Dalçoquio ao empresário paulista Laércio Tomé, em uma negociação de R$ 20 milhões, a transportadora está endividada e é alvo de disputas judiciais entre os próprios sócios e com os Dalçoquio, que pedem o cancelamento do negócio.
Na ação de recuperação judicial, a empresa resume a situação em "indefinição de quotista proprietário, falta de credibilidade dos credores, agentes públicos, fornecedores e clientes, e diminuição de faturamento".