O plano de recuperação judicial da Eneva (antiga MPX) foi aprovado na quinta-feira pelos credores da companhia. Entre outros pontos, o plano prevê um aumento de capital de até R$ 3 bilhões, em que os credores podem converter a dívida, de R$ 2,33 bilhões, em ações da geradora criada pelo empresário Eike Batista.
A partir da capitalização, os credores poderão se tornar controladores da empresa, hoje nas mãos do ex-bilionário e da alemã E.ON. O maior credor da empresa é o BTG Pactual, que possui mais de R$ 1 bilhão da dívida total da elétrica.
Em meados de abril, o BTG informou não ter intenção de se tornar acionista controlador. Na ocasião, o banco acrescentou que sua atuação em relação à empresa "visa exclusivamente maximizar o recebimento de seus créditos".
Na época, o Valor apurou que o BTG estava se articulando com o Itaú BBA e o Citi, outros dois credores da Eneva, para adquirir o controle da elétrica. Especulava-se que, em um segundo momento, a estratégia seria pulverizar o capital da empresa no mercado, formando uma "full corporation".
Atualmente, a E.ON é a maior acionista da Eneva, com 42,94% de participação. Eike Batista possui uma fatia de 19,97%. Outros dois acionistas relevantes são o Banco Clássico, por meio do Fia Dinâmica Energia, com 10,41%, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com 8,65%.
Após ter sido aprovado por 81,47% do total de créditos detidos pelos credores da Eneva, o plano será submetido à homologação da 4ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro.
"O resultado da assembleia representa uma importante etapa do plano de estabilização da Eneva, iniciado em meados de 2014, e permitirá que a companhia retome seu crescimento de forma estruturada", disse o diretor presidente da Eneva, Alexandre Americano, em nota divulgada pela companhia.
Na assembleia realizada na última semana, no Rio de Janeiro, credores donos de 98,82% do total de créditos registrados no encontro aprovaram a venda da participação de 50% da Eneva na termelétrica Pecém I para a EDP Energias do Brasil. Com a operação, o grupo sino-português passou a deter a integralidade do empreendimento, de 720 megawatts (MW) de capacidade instalada, movido a carvão mineral.
Considerada a empresa menos problemática do grupo X, criado por Eike Batista, a Eneva fechou o ano passado com uma receita operacional líquida de R$ 1,8 bilhão e um prejuízo líquido de R$ 1,5 bilhão. Com um parque gerador da ordem de 2,5 mil MW de capacidade instalada, a companhia é uma das maiores geradoras térmicas do país e possui 7,3 mil MW em projetos térmicos e eólicos em carteira para serem desenvolvidos.