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Presidente da CSN diz não ver a recuperação econômica na prática

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SÃO PAULO  -  (Atualizada às 13h11) A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) aposta na recuperação das vendas de aço no mercado interno a partir do crescimento da economia brasileira e dos reajustes de preço dos produtos de acordo com o praticado internacionalmente. Para Benjamin Steinbruch, presidente e principal acionista da companhia, porém, o avanço econômico ainda não chegou, ao menos não com a força que se esperava. “O discurso que se ouve sobre o crescimento não está refletido na prática”, disse, em teleconferência com analistas e investidores nesta terça-feira.

Para ele, ainda é preciso ver os sinais de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) na taxa de desemprego, no consumo das famílias e em outros setores da economia. “Sofremos um bocado por ter acreditado e investido em capacidade e novos produtos”, disse o executivo. “A redução de custo e a desalavancagem são preocupações constantes da companhia que vamos mostrar em 2018. Todos sabem de nosso potencial.”

Mineração

Na mineração, a empresa destaca a melhora da qualidade do minério de ferro vendido e o aumento do ritmo de produção, o que diluirá os custos fixos da área. No quarto trimestre, o resultado da divisão decepcionou as previsões do mercado. Segundo Steinbruch, porém, o resultado foi pontual. Ele admitiu que os números frustraram as expectativas, mas disse que a tendência é de recuperação nos próximos balanços. “Agora o teor de sílica do nosso minério já está abaixo de 6%”, afirmou. “Com novas autorizações de exploração que conquistamos, vamos aumentar os volumes de produção. Para a mineração, 2018 vai ser um ano muito melhor.”

Em teleconferência com analistas e investidores, o executivo explicou que o minério de ferro vendido durante o segundo semestre do ano passado teve um alto teor de impurezas, com mais de 8% de sílica, por exemplo. Esse tipo de composição da matéria-prima tem obtido menores preços no mercado transoceânico. Entre outubro e dezembro, a CSN vendeu o insumo quase 24% mais barato do que a referência mundial.

No evento, o diretor da CSN Mineração, Eneas Diniz, comentou que o ponto de equilíbrio da entrega de minério de ferro na China está próximo de US$ 44 por tonelada. Ou seja, a matéria-prima mais cara do que isso já geraria lucros para a área.

O executivoo também contou que, principalmente desde o acidente da Samarco, em Mariana (MG), a empresa está com trabalho preventivo para garantir a segurança de suas barragens. Até o quarto trimestre deste ano, por exemplo, os depósitos da mina de Fernandinho — alvo de questionamento recente do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MP-MG) — serão drenados e a água que os abastece será desviada. A CSN também pretende reforçar as barragens e recuperá-las para voltarem a ser “parte da paisagem” até 2020.

Cimentos

Sobre a divisão de cimentos, o presidente da CSN disse que chegou a elevar a ocupação da capacidade produtiva mesmo com preços ainda deprimidos no mercado interno. Por conta disso, as margens ficaram mais apertadas. O objetivo é que a área fique com 100% de utilização agora, se beneficiando da melhora de mercado. “A companhia vai estar direcionada basicamente ao mercado interno, se aproveitando da retomada e com melhora de preços em todos os segmentos”, declarou Steinbruch.

A companhia diz que os preços já começaram a subir no segmento de cimento e a previsão é que haja geração de caixa, depois de um longo ciclo de investimentos. De acordo com a apresentação, a expectativa para 2018 é de cotação entre US$ 90 a US$ 120 por tonelada do cimento nos Estados Unidos; de US$ 90 a US$ 100 na Europa; de US$ 40 a US$ 50 na China; e de cerca de US$ 50 no Sudeste brasileiro.

Alavancagem

Steinbruch destacou que a desalavancagem da companhia virá com força em 2018, especialmente por melhoria dos números operacionais. A meta de alavancagem da CSN para o ano é de 3,5 vezes para baixo. O índice referenciado é o de dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês).

Ao fim de 2017, o índice era de 5,7 vezes. “Não tivemos ainda a redução da alavancagem conforme o esperado. Mas devemos chegar ao fim do ano com bastante conforto”, declarou a analistas e investidores em teleconferência para comentar os resultados do quarto trimestre.

A previsão do próprio presidente da CSN — “minha avaliação individual” — é de aumento de 20% na receita líquida durante 2018, o que levaria a um total superior a R$ 22 bilhões. Steinbruch também acredita que as margens — ou seja, o Ebitda — vão avançar em ritmo semelhante. Essa melhora virá do aumento das vendas em todas as áreas, de reajustes de preço em relação a 2017 e da diluição de custos fixos, explicou.

Steinbruch prometeu aos ouvintes da teleconferência do quarto trimestre que 2018 será “o ano da entrega de resultados” e que a palavra-chave será “qualidade”. O objetivo da CSN, acrescentou, é até vender menos, mas principalmente produtos com mais valor agregado e para o máximo de clientes possível.

Ativos

O grupo também pretende vender ativos em 2018, segundo o diretor de finanças e relações com investidores (RI), Marcelo Cunha Ribeiro. Há mais de dois anos a CSN tem prometido desmobilizar negócios para reforçar o caixa, mas vendeu apenas um ativo por US$ 100 milhões. Em 2018, a previsão é que de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões sejam embolsados ao se desfazer de operações.

27/03/2018

 

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Autor(a)
Renato Rostás

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