BS ofereceu R$ 268 milhões pelos ativos do frigorífico Independência. Credores dão resposta dia 15, após adiamento da reunião desta 2ª (30)
O advogado do frigorífico Independência, Pedro Paulo Gasparini, do escritório Gasparini, DeCresci e Nogueira de Lima Advogados, afirmou que a proposta de compra feita pelo grupo JBS, de R$ 268 milhões, para os ativos do Independência é a mais "real, factível" de toda a recuperação judicial.
O processo teve início em maio de 2009 e desde então já foram realizadas 14 assembleias de credores para discutir o futuro do frigorífico. O futuro do Independência será decidido dia 15, com a continuação da assembleia iniciada nesta segunda-feira (30) e suspensa a pedido dos credores para um prazo maior de avaliação da proposta da JBSx.
"A falência não agrada a ninguém. A verdade é que estamos todos desgastados. Temos que levar em conta que esse é o momento de resolver a grande questão do futuro do Independência", declarou o advogado. Segundo ele, na atual conjuntura do setor de proteínas brasileiro, não há outro player que teria condições de fazer outra proposta. "Se fizermos um cálculo financeiro, a JBS está fazendo um ótimo negócio. Está levando ativos que proporcionará a ela uma relevante capacidade de geração de caixa", completou.
O advogado da JBS, Eduardo Munhoz, do escritório Mattos Filho, explicou que na proposta de R$ 268 milhões, o grupo levou em consideração a avaliação dos ativos e o valor econômico dos mesmos. "O desafio foi construir estrutura financeira para garantir o mínimo de investimento. Procuramos seguir as prioridades e as prerrogativas da recuperação judicial", afirmou.
De acordo com o advogado, há três instâncias de aprovação da proposta. A primeira seria em assembleia (AGC); a segunda, dos detentores dos bonds de US$ 165 milhões com vencimento em 2015, e a terceira, dos credores de linhas de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), que são extraconcursais, ou seja, não foram originalmente incluídos no plano de recuperação judicial.
"Os R$ 135 milhões a serem pagos em ações da JBS, ao preço de R$ 7,91 por ação, serão destinados ao pagamento dos detentores dos bonds de 2015. A outra metade será destinada ao restante dos credores, que inclui os de garantia real e os quirografários (nesta classe estão os pecuaristas)", afirmou.
O prazo para a efetivação da compra pela JBS é de 60 dias. "Esse prazo é mais longo do que os gestores gostariam, mas é mais real", declarou Munhoz. No domingo, o presidente da JBS, Wesley Batista, comentou que esperava formalizar a compra do Independência em 30 dias, após a aprovação em assembleia.
Pecuaristas
O assessor jurídico da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso do Sul (Famasul), Carlo Daniel Cordibelli Francisco, afirmou que "aparentemente a proposta feita pela JBS é sólida", mas que agora irá analisar com mais calma os termos para repassar aos credores pecuaristas do Estado.
"O alongamento do processo deixou todos (credores) cansados e descrentes. A JBS é uma empresa de peso, que tem respeito do setor e ao que tudo indica é que é uma proposta séria. O fato dela ter entrado no processo foi muito bem visto pelos nossos credores", declarou.
Presente praticamente em todas as reuniões de credores do Independência, o pecuarista de Mato Grosso Romão Ribeiro Flor não compartilha da opinião do assessor jurídico da Famasul. "A proposta é ruim, não vou receber quase nada. Já fiquei descapitalizado e tinha esperanças de receber", declarou. O pecuarista tem a receber do Independência cerca de R$ 2 milhões. "Sei que o meu voto vai ser vencido, mas vou lutar para receber o que tenho direito", disse.
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Fonte: http://www.cenariomt.com.br, com informações da Agência Estado (1º/05/2012)